O mundo pode estar a aproximar-se de uma recessão global dado que os bancos centrais aumentam simultaneamente as taxas de juro para combater a inflação persistente, disse o Banco Mundial na semana passada.
As três maiores economias do mundo – Estados Unidos, China e zona Euro – estão em desaceleração acentuada, e mesmo um “golpe moderado na economia global no próximo ano pode levá-la à recessão”, disse a instituição mundial num novo estudo.
“O crescimento global está a desacelerar acentuadamente, com probabilidade de maior desaceleração à medida que mais países entram em recessão”, disse o presidente do Banco Mundial, David Malpass, que acrescentou estar preocupado que essas tendências persistam, com consequências devastadoras para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
“As actuais subidas sincronizadas das taxas de juro globais e as acções de política monetária relacionadas continuarão, provavelmente, no próximo ano, mas podem não ser suficientes para trazer a inflação de volta aos níveis vistos antes da pandemia do covid-19”, disse o banco.
A menos que as interrupções no fornecimento e as pressões do mercado de trabalho diminuam, o núcleo da inflação global, que exclui os custos de energia e alimentação, pode permanecer em cerca de 5% em 2023, quase o dobro da média de cinco anos antes da pandemia.
Para reduzir a inflação, os bancos centrais podem precisar de aumentar as taxas de juro em mais 2 pontos percentuais, além do aumento de dois pontos percentuais já visto em 2021, disse o Banco Mundial.
Mas um ajuste de tal magnitude, somado ao stresse do mercado financeiro, desaceleraria o crescimento do Produto Interno Bruto global para 0,5% em 2023, ou uma contracção de 0,4% em termos per capita, o que atenderia à definição técnica de uma recessão global, acrescentou a instituição.
Malpass disse que os formuladores de política monetária devem mudar o seu foco da redução do consumo para o aumento da produção, o que inclui esforços para gerar investimentos adicionais e ganhos de produtividade.
O estudo sugeriu que os bancos centrais poderiam combater a inflação sem desencadear uma recessão global ao comunicarem claramente as suas decisões de política monetária, enquanto as autoridades deveriam implementar planos orçamentais confiáveis de médio prazo e continuar a fornecer alívio direccionado a famílias vulneráveis.