O Rei Carlos III foi, desde sempre, um ícone da moda e tem ensinado algumas regras de estilo ao longo dos anos.
Talvez passasse despercebido ao lado da princesa Diana, mas agora, ao olhar para os looks que usava na altura (e aos que usa até hoje), conseguimos assegurar que é, de facto, um gentleman, escreve a revista Must.
Quando o assunto é vestuário, o Rei Carlos III de Inglaterra tem um alto padrão de exigência e não se podia esperar menos – o gosto pelo bem vestir foi herdado dos seus antecessores. Vejamos: Carlos II fez com que usar um colete por baixo do casaco se tornasse moda; o príncipe Alberto, rei consorte da rainha Vitória, era uma referência de elegância com os seus coletes em estilo espartilho que acentuavam a silhueta; e o rei Eduardo VII tinha como imagem de marca o uso do último botão do colete desabotoado.
A referência mais recente (e mais próxima do rei Carlos) leva-nos a Eduardo VIII que, após abdicar do seu título, ficou conhecido como duque de Windsor. Ele revolucionou o uso de calças com uma linha, bainhas e o morning suit (fato composto por calças, colete e casaco comprido por trás) que foi trocado pelo smoking. Não é surpreendente que o duque tenha sido uma referência para o seu sucessor mais novo.
É dito que o seu estilo é timeless, voltando a estar na moda passados 25 anos. E, julgando pelas quatro regras mais importantes que ele nos tem deixado ao longo do tempo, podemos dizer que Carlos III de Inglaterra está mais na moda do que nunca.
O rei da Inglaterra revelou a Edward Enninful, director da Vogue britânica, que se rege pelo mantra “compra uma vez, compra bom”. Ao longo dos anos, o incentivo a comprar roupa feita de forma mais ética, peças que nunca fiquem fora de moda e que durem uma vida tem sido cada vez maior. Isto está a ser posto em prática cada vez mais, e um dos exemplos é Carlos III. Os fatos que usa são feitos à medida, sempre Gieves & Hawkes ou Anderson & Sheppard, as camisas Turnbull & Asser, e os sapatos feitos à mão são Crockett & Jones. Os fatos formais são Eden & Ravenscroft. Era de pensar que, sendo uma figura da realeza, mudasse de guarda-roupa frequentemente, mas essa não é a realidade.
Temos o exemplo do morning suit que utilizou para o casamento do filho Harry com Meghan Markle, que era um Anderon & Sheppard de 1984 – o mesmo que utilizou para o casamento do irmão, príncipe Eduardo, em 1999. “Sou uma daquelas pessoas que odeiam mandar qualquer coisa fora. Desde que as roupas sejam do meu tamanho eu prefiro mantê-las ou então arranjá-las, até colocar remendos, se for preciso”, explicou à Enninful, esclarecendo “quando te tornas mais velho torna-se mais difícil encontrar roupas que te fiquem bem, e já não é tão fácil vestir o que estava fechado no guarda-roupa. Quando esse tempo chegar eu comprarei roupa nova, mas, até lá, vou arranjando as que tenho”. Esta não é a única prova das atitudes amigas do ambiente (e do sector têxtil) do Rei.
Como escreveu Rachel Tashjian, uma crítica de moda na GQ, há uns meses começaram a circular fotografias que sugeriam que Sua Majestade só tinha usado os mesmos dois casacos desde 1988 – mais de três décadas. Um de pêlo de camelo e o outro tweed. Os dois Anderson & Sheppard.
Quando pensamos em fato, podemos imaginar um fato azul-marinho com dois botões em linha e uma lapela. Mas, quando falamos de Carlos III, isto não se aplica. Em vez disso, são os pequenos detalhes que tornam os seus outfits simples em algo sofisticado e elegante.
Cinzento, fatos listados e tons nude são as suas escolhas para fatos de verão. A peculiaridade da maioria dos seus fatos reside no facto de escolher trespassados, alfinetes de lapela e, quando mostra o bolso das calças, utiliza um clipe para o cinto. Pequenos detalhes que podem ser adoptados por todos e que fazem a diferença aquando da utilização de um fato.
Se existe alguém que conhece todos os maneirismos de Carlos III é o actor Josh O’Connor, que interpretou o monarca na série da Netflix, The Crown. Para incorporar o papel, o actor estudou cada movimento do rei de Inglaterra, mencionando à GQ que a maior particularidade encontrada foi ele olhar para os botões de punho, lenço e de seguida acenar. Os mesmos movimentos, sempre.
Ao olhar com atenção, reparamos que as suas gravatas são sempre apertadas duas vezes. Não tem receio de usar cores, apesar de preferir tons mais discretos, que combina sempre com um lenço de uma cor especifica – nunca optando pelo mesmo padrão. Quando usa um cachecol, este nunca parece estar perfeito, mas sim como se tivesse sido colocado de maneira casual. Nas suas camisas nunca faltam os botões de punho, e nos casacos, um alfinete de lapela. Para finalizar o look, utiliza sempre os mesmos óculos: os Ray-Ban Erika na cor “Havana” e lentes cinzentas. Detalhes que fazem a diferença.
Uma das grandes virtudes do novo rei de Inglaterra? A adaptação do seu estilo às circunstâncias. Nem sempre vimos o Rei Carlos III de fato – basta lembrar a sua visita ao Canadá em que deu um toque pessoal ao estilo cowboy, em 1977. Outro exemplo? 1974, Ilhas Fiji – utilizou uma camisa de seda, que lembrava o estilo havaiano, e, claro, que combinava com as suas largas calças beje.
Em 1975, deu-nos um momento extremamente fashionista numa partida de pólo, ao trocar a habitual t-shirt de desporto por um casaco de safari, de mangas curtas, em azul celeste. Na altura, Yves Saint Laurent considerava este modelo uma peça de luxo. Voltou a usar este estilo nas Olimpíadas de Montreal em 1976 e na visita à Papua Nova Guiné em 1984.
Carlos III de Inglaterra chegou a mostrar muitas vezes que até uma camisa de manga curta pode ser elegante, quando usada na ocasião certa.
Must