O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, começa esta quinta-feira, 8 de Setembro, uma visita de dois dias a Moçambique, que terá como momentos-chave uma reunião com o Presidente da República, Filipe Nyusi, e a entrega de equipamento não bélico para apoiar o combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
O alto representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança da União Europeia (UE) deverá reunir-se hoje com o chefe de Estado moçambicano e com a ministra dos Negócios Estrangeiros, Verónica Macamo.
Amanhã, sexta-feira, Borrell vai visitar a Missão de Formação Militar da União Europeia em Moçambique (EUTM), no campo de treino da Katembe, margem sul de Maputo, “onde vai testemunhar a cerimónia de entrega de equipamento financiado pelo “Mecanismo Europeu de Apoio à Paz”.
O reforço de equipamento para as tropas que a UE está a formar tem sido um pedido feito por Filipe Nyusi e inclui material não bélico, como fardamentos e material de apoio à logística militar no terreno.
Na ocasião, Borrell vai ainda participar na cerimónia de mudança de comando da EUTM, onde o brigadeiro general Lemos Pires cede lugar a outro português, o comodoro Martins de Brito. No evento estará também o secretário de Estado da Defesa português, Marco Capitão Ferreira.
A missão apoia o treino de unidades de reacção rápida das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e conta com 119 membros de 12 países. Portugal assume o comando da missão e é o país com o maior contingente, actualmente de 68 militares, dos três ramos das Forças Armadas e GNR.
Além de Cabo Delgado, Borrel tem uma agenda com outros temas, como as implicações da guerra na Ucrânia, nomeadamente o impacto sobre a segurança alimentar e a situação geopolítica global. No sábado, o responsável europeu seguirá viagem para o Quénia.
A província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial, e na província de Nampula.
Há mais de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.