Alguns dos países mais ricos do mundo comprometeram-se a gastar cerca de 25 mil milhões de dólares até 2025 para impulsionar os esforços africanos na adaptação às alterações climáticas, quando o continente lutar contra a seca, os ciclones e o calor extremo.
O montante (25 178 milhões de euros), prometido pelo Programa de Aceleração da Adaptação de África – uma iniciativa conjunta entre várias nações e organizações –, foi apresentado esta segunda-feira, 5 de Setembro, como o maior esforço de adaptação de sempre a nível mundial, adiantaram fontes oficiais durante a Cimeira de Roterdão, Países Baixos.
Metade do montante é prometido pelo Banco Africano de Desenvolvimento, com representantes da Dinamarca, Reino Unido, França, Holanda, Fundo Monetário Internacional e outros a oferecerem também o seu apoio à iniciativa.
O continente africano é responsável por apenas 3% a 4% das emissões, apesar de albergar quase 17% da população mundial, mas os especialistas dizem que é particularmente vulnerável às alterações climáticas por ser menos capaz de se adaptar.
As nações africanas esperam utilizar os fundos para melhorar a sua resistência a eventos climáticos extremos, tais como secas ou inundações, aumentar a cobertura de árvores e proteger a biodiversidade, bem como expandir a sua capacidade de energia renovável.
A Cimeira de Roterdão decorre poucas semanas depois de a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ter constatado que os países ricos não tinham cumprido a sua promessa, de 2009, de gastar 100 mil milhões de dólares por ano a ajudar os países em desenvolvimento a adaptarem-se ao aquecimento do clima.
A organização disse que 83,3 mil milhões de dólares foram dados aos países mais pobres em 2020, a soma mais elevada de sempre, mas ainda assim inferior ao montante original. Se os fundos prometidos na Cimeira de Roterdão forem entregues, o objectivo de décadas será finalmente alcançado, mas as nações africanas advertem que isto não será suficiente.
“A África não tem os recursos para enfrentar as alterações climáticas”, declarou, na cimeira, Akinwumi Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento. “O continente recebe apenas 3% do financiamento total para o clima”, salientou.
“O continente africano precisará de entre 1,3 biliões de dólares e 1,6 biliões de dólares esta década para implementar os seus compromissos com o acordo climático de Paris, um custo anual entre 140 mil milhões de dólares e 300 mil milhões de dólares”, informou Adesina, que acrescentou que os custos de adaptação às alterações climáticas deverão aumentar até 2050, à medida que os efeitos do aquecimento global se tornam mais graves.
O Presidente do Gana, Nana Akufo Addo, afirmou que o seu país vai fazer pressão para que os fundos atribuídos à adaptação a um clima mais quente sejam duplicados na próxima cimeira das Nações Unidas, no Egipto, em Novembro.
Após décadas de países desenvolvidos a ficarem aquém das suas promessas de financiamento, muitas nações africanas continuam cépticas de que os fundos chegarão alguma vez ao continente.