O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse esta quinta-feira, 1 de Setembro, estar em estudo a possibilidade de construir uma segunda plataforma flutuante para extrair e processar gás natural da bacia do Rovuma, ao largo de Cabo Delgado, face à procura na Europa.
“Fizemos a primeira plataforma. Qual a possibilidade de fazer mais outra? Há estudos nesse sentido”, declarou como sendo uma medida entre as que existem “para acelerar” a produção daquelas reservas. “Tive encontros, para ver o que se pode fazer, com empresas que exploram [o gás], italianas, francesas e seus parceiros”, acrescentou.
Filipe Nyusi falava após o primeiro dia da V Cimeira entre Moçambique e Portugal, em Maputo, com o Primeiro-ministro português, António Costa.
O chefe de Estado respondia a questões sobre como o gás moçambicano (cujas reservas do Rovuma estão entre as maiores do mundo) pode colmatar a escassez na Europa, face à deterioração do fornecimento russo após a invasão da Ucrânia.
Em Moçambique, a bacia do Rovuma tem algumas das maiores reservas de gás do mundo e há três projectos de exploração aprovados – dois que conduzem o gás do fundo do mar para liquefacção em terra e um outro em mar alto, com uma plataforma flutuante (designada Coral Sul) autónoma.
Dos três, apenas o mais pequeno, no oceano Índico, está prestes a exportar gás, porque os outros dois (da Total e Exxon Mobil), em terra, estão parados devido à violência armada na província de Cabo Delgado.
A produção do projecto Coral Sul vai ser toda vendida à petrolífera BP durante 20 anos, com opção de extensão por mais dez. Ou seja, para satisfazer mais procura, como a que agora surge na Europa, seria necessário arranjar outras formas de extrair e processar o gás do Rovuma, contornando a violência em Cabo Delgado.
Nyusi reconheceu que “há muito mercado e muita procura”, e daí os estudos em curso. O objectivo, esclareceu, é “haver, de certa forma, maior produção, que possa alimentar” o mercado europeu e até africano, concluiu.