O Presidente da República, Filipe Nyusi, dirigiu-se esta sexta-feira, 2 de Setembro, às empresas portuguesas, desafiando-as a investirem no País e explorarem os seus recursos. Na mesma ocasião, o Primeiro-ministro de Portugal reafirmou que os empresários lusos “não estão de passagem” no país, onde têm permanecido “nos bons e nos maus momentos”.
Filipe Nyusi e António Costa participavam na cerimónia de na abertura do Fórum de Negócios e de Investimentos que decorreu à margem da V Cimeira Luso-Moçambicana, depois de terem visitado durante a manhã os vários pavilhões da FACIM (Feira Internacional de Maputo).
Na sua intervenção, o Presidente da República disse que a realização do fórum tem como objectivo aproximar os empresários dos dois países e facilitar as oportunidades de negócio, numa “cooperação que se quer mutuamente benéfica”.
Filipe Nyusi lamentou a revisão em baixa das “boas perspectivas de uma rápida e robusta recuperação económica”, mas destacou a “introdução de um pacote de 20 medidas de estímulo à economia” no País. “As economias dos nossos países têm um grau elevado de complementaridade”, salientou, apontando que “Portugal está entre os dez maiores investidores em Moçambique”.
Considerando que “mais pode ser feito”, Nyusi afirmou que as empresas portuguesas “evidenciaram competências” em sectores como a banca, construção ou turismo. “Ao sector privado de Portugal, convidamo-lo a continuar a cumprir os lços da língua que nos une e explorar as potencialidades de Moçambique, e o potencial despertado pela localização, condições climáticas favoráveis e a longa costa marítima”, transformando “os recursos existentes em riqueza para a sociedade Moçambicana”.
Apontando as “vantagens mútuas” desta ligação entre ambos os países, o chefe de Estado instou também os empresários de Moçambique a “realizar parcerias com o sector privado de Portugal”.
Numa conferência de imprensa após a abertura do fórum, Filipe Nyusi manifestou a intenção de o País ter uma posição de “facilitador da economia entre ambos os mercados (português e moçambicano)”.
Por seu lado, o Primeiro-ministro António Costa , no seu discurso, assinalou que os investimentos portugueses já estão em curso em Moçambique, relembrando as mais “mais de 500 empresas” no País, as “1500 empresas portuguesas a exportar para Moçambique” e o facto de, das 100 maiores empresas em Moçambique, “cerca de um quarto terem capitais portugueses”, assinalou.
“As empresas portuguesas não estão em Moçambique de passagem, estão há muito tempo e têm estado em todas as horas, nas horas difíceis e nas horas promissoras”, afirmou.
António Costa defendeu que “esta é a hora promissora” para as empresas investirem em Moçambique e “estão criadas condições únicas para incrementar a actividade empresarial privada em Moçambique”.
Já na conferência de imprensa que se seguiu ao evento, Costa destacou também a oportunidade de Portugal “importar produtos moçambicanos de excelente qualidade”, o que permitirá “equilibrar a balança comercial e ajudar ao desenvolvimento” do País.
Durante o Fórum de Negócios e Investimentos, foram assinados nove acordos de cooperação bilateral, entre os quais o Compacto Lusófono, que prevê garantias do Estado português no valor de 400 milhões de euros para investimentos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ou um outro para a revisão do Fundo Empresarial da Cooperação Portuguesa.
Um outro acordo envolve a Galp, o Instituto Camões e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Moçambique e visa a instalação de um centro de referência em petróleo e gás na província de Cabo Delgado.
Foi ainda celebrado um memorando de entendimento entre a Hidroeléctrica de Cahora-Bassa, a Electricidade de Moçambique, a REN e a Visabeira Global para identificação de “oportunidades de cooperação no sector da energia” e a “colaboração ao nível da construção, operação, manutenção de redes de distribuição, redes de transporte de energia eléctrica e produção de energia através de parques eólicos e fotovoltaicos”.