Os países africanos apelaram na segunda-feira, 29 de Agosto, ao fim de uma “injustiça climática” dizendo que o continente causa menos de 4% das emissões globais de CO2, mas paga um dos preços mais elevados pelo aquecimento global.
Funcionários governamentais, organizações internacionais, Organizações não-governamentais (ONG) e o sector privado de mais de 60 nações africanas participaram na abertura da Semana do Clima em África, na capital do Gabão, na segunda-feira, para se prepararem para a conferência da ONU, COP27, no Egipto, em Novembro.
O Presidente anfitrião Ali Bongo Ondimba disse aos participantes no encontro que o continente tem de falar a uma só voz e oferecer propostas “concretas” para a COP27. “Chegou o momento de os africanos tomarem o seu destino nas suas próprias mãos”, afirmou o governante, tendo lamentado o fracasso global no cumprimento das metas climáticas.
“O nosso continente é abençoado com todos os bens necessários para uma prosperidade sustentável, recursos naturais abundantes e a mais jovem e maior população activa do mundo”, disse. “Mas África e o resto do mundo devem abordar as alterações climáticas”, quando o painel intergovernamental da ONU sobre o clima IPCC “descreve a África como o continente mais vulnerável. As secas estão a causar fome extrema e a deslocar milhões de pessoas por todo o continente”, avisou Ali Bongo.
“Hoje, 22 milhões de pessoas no Corno de África enfrentam a fome devido à seca, os países do sul do continente são regularmente atingidos por ciclones e a subida do nível do mar ameaça cidades como Dakar, Lagos, Cidade do Cabo e Libreville”.
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio Sameh Shoukry, chefe da COP27, afirmou que, “apesar de contribuir com menos de 4% das emissões globais, [África] foi uma das mais devastadas pelos impactos das alterações climáticas. Além disso, o continente é obrigado, com meios financeiros limitados e escassos níveis de apoio, a gastar cerca de dois a três por cento do seu PIB por ano para se adaptar a estes impactos”, disse Shoukry, chamando-lhe uma “injustiça climática”.
Denunciando o fracasso dos países desenvolvidos em cumprir os seus compromissos climáticos, advertiu: “Não há tempo extra, não há plano B e também não deve haver recuos ou retrocessos nos compromissos e promessas”.