Nos últimos anos, a gestão da emergência tem tido um crescimento significativo reflectido em normas facilitadoras de uma implementação eficaz, orientadas para a prevenção e mitigação de incidentes de natureza diversa que ocorrem e se repetem por todo o mundo.
Entende-se por ‘emergência’ qualquer acontecimento que exige coordenação acrescida ou resposta para além da rotina, de modo a salvar vidas, proteger a propriedade, proteger a saúde pública e a segurança, diminuir ou evitar a ameaça de um incidente/desastre.
Se o alarme soar agora na sua organização, sabe o que fazer?
A questão apresentada acima suscita vários debates e reacções num contexto de formação sobre emergências e evacuação. O que temos verificado é que poucos colaboradores estão informados e sensibilizados sobre os procedimentos a seguir em caso de emergência, o que é crítico dado que estas situações podem ocorrer em qualquer contexto e local de trabalho independentemente da natureza das actividades.
Embora cada acidente possua características próprias, na emergência devem ser observados alguns procedimentos essenciais, sendo que o reconhecimento precoce e a resposta imediata por colaboradores com formação adequada e certificada são um factor relevante na minimização dos danos.
Segundo a NFPA (National Fire Protection Association), a gestão de emergências é o processo contínuo de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação de um incidente, que pode constituir uma ameaça à vida, propriedade, operações ou ao ambiente.
A gestão de emergência é baseada em alguns princípios e características, entre elas:
Abrangência – Considerar e levar em conta todos os perigos e riscos, todas as fases e operações, todas as partes interessadas e todos os impactos relevantes decorrentes das diversas e possíveis emergências;
Progressividade – Antecipar emergências futuras, tomando medidas preventivas, mitigadoras e preparatórias para estabelecer e desenvolver organizações mais resilientes;
Orientação para os riscos – Recorrer a metodologias sólidas da gestão do risco – identificação e avaliação dos riscos, análise do impacto e controlo das suas consequências – com vista à priorização das acções e recursos necessários para a mitigação das emergências;
Integração – Assegurar a ligação, união e coordenação dos esforços entre todas as partes interessadas envolvidas, sejam elas organizações, comunidades envolventes e serviços de emergência, tendo em conta a natureza das emergências – sejam elas médicas, ambientais, de segurança no trabalho ou outras;
Assente na colaboração – Estabelecer, manter e desenvolver relacionamentos alargados, efectivos e eficazes, sustentados entre indivíduos e/ou organizações para incentivar a confiança, criação de um forte espírito de equipa, promoção de consensos e facilitação de informação e comunicação sobre a gestão de emergências;
Assente na coordenação – Implementar e desenvolver uma sincronia efectiva entre as actividades planeadas e as partes interessadas, sem excepção, para optimização dos recursos para o alcance dos objectivos comuns;
Flexibilidade – Utilizar abordagens criativas e devidamente adequadas ao contexto real das diversas emergências, inovadoras e não demasiado rígidas na resolução das situações;
Profissionalismo – Sustentado e exercido por pessoas competentes, detentoras de conhecimentos científicos sólidos, adquiridos e baseados na educação, formação e experiência contínua.
A gestão de emergências é composta por cinco fases fundamentais. São elas:
Prevenção – Actividades para evitar um incidente, ou seja, impedir a ocorrência de uma emergência. Por exemplo, uso de Equipamentos de Protecção Individual e Colectiva (EPI e EPC) ou bacias de contenção de derrames, entre outros;
Mitigação – Acções concebidas e implementadas para reduzir a severidade/consequências de uma emergência. Por exemplo, monitorização dos equipamentos, procedimentos operacionais e instruções de trabalho;
Preparação – Programas, acções e sistemas desenvolvidos e implementados antes da ocorrência de uma emergência, que sustentam a prevenção e a mitigação. Podem incluir a elaboração de um Plano de Emergência Interno, a definição de equipas de emergência e suas responsabilidades, formação contínua dos colaboradores e realização de simulacros para avaliação da operacionalidade dos meios existentes e disponíveis;
Resposta – Acções imediatas e contínuas, programas e sistemas de resposta a um incidente que ameace a vida, a propriedade, as operações, os processos ou o meio ambiente;
Recuperação – Actividades e programas desenvolvidos para retomar as condições existentes antes do incidente, a um nível aceitável para a organização, reduzindo o impacto nas partes interessadas (clientes, parceiros, fornecedores, colaboradores, comunidade, entre outras).
Entre os vários benefícios da adopção da gestão de emergências nas organizações, destacam-se a consciencialização dos trabalhadores sobre os procedimentos a seguir em casos de emergência, uma melhor capacidade de resposta, a minimização de perdas humanas e materiais, a redução de possíveis custos oriundos de incidentes, o desenvolvimento de uma cultura preventiva, a limitação e controlo das consequências adversas de eventos de emergência que possam fugir do controlo no momento, a minimização de eventuais impactos ambientais (poluição dos solos, ar e água) e a preservação da imagem da organização.
A gestão eficaz de uma emergência só é possível através de um bom planeamento e deve ter como base um plano de emergência simples, flexível, dinâmico, preciso e adequado às características locais. Contudo, o conteúdo desse plano não pode assumir-se como irrevogável devido às constantes mudanças sociais, geográficas, técnicas, logísticas e mesmo operacionais, que terão de ser constantemente reflectidas no documento, numa lógica de melhoria contínua.
A gestão da emergência deve procurar promover e desenvolver comunidades e organizações mais seguras, menos vulneráveis e com a capacidade de lidar adequadamente com os impactos decorrentes de emergências, contribuindo, portanto, para a criação de organizações e comunidades mais seguras e resilientes.