A desigualdade de género ainda é descrita como um dos grandes problemas no mundo, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento e Moçambique não é excepção.
Durante o debate subordinado ao tema “Mulheres na Liderança versus Barreiras do Mercado”, Marta Roff, representante da Girl Move, afirmou que os fenómenos de desigualdade relacionados com as mulheres continuam muito acentuados em Moçambique, principalmente nas zonas recônditas.
De acordo com a oradora, um dos maiores desafios actuais das mulheres estão na área económica e no ambiente de negócios, onde ainda existem barreiras para contratação de mão-de-obra feminina. Marta Roff revelou ainda que algumas empresas têm alguns preconceitos e olham para a mulher como uma figura sem experiência.
“Ser CEO ainda é um desafio para muitas mulheres, pois há quem não aceite. O mercado deve alargar as oportunidades de contratação, porque ainda há muitas barreiras para as mulheres. Cada um deve fazer o seu papel, para ver o desenvolvimento das mulheres em lugares de tomada decisão”, salientou.
Até 2020, aproximadamente 28% dos lugares de gestão em Moçambique pertenciam a mulheres, num universo global de 68%. Mesmo assim, a activista considera haver ainda muito que pode ser feito para que, nos países em desenvolvimento, os números se tornem cada vez melhores.
“A mulher tem o poder transformador, mas nem todas têm um espaço na sociedade. Deve, por isso, ser feita uma mudança social, onde cada mulher inspira uma outra mulher. Devemos eliminar o assédio sexual, o aspecto racial, a idade, a origem e todas as barreiras existentes. As mulheres devem ser enaltecidas e ocupar um outro patamar”, afirmaram algumas CEO presentes no Mozambique CEO Summit – 2022.
De um modo geral, como proposta para alterar este cenário desigual, as oradoras da cimeira acreditam ser necessária a criação e transformação sustentável do movimento de mulheres, a alteração da taxa de desistência escolar e casamentos prematuros, bem como a abertura das empresas para o investimento ao conhecimento feminino.
“As mulheres devem ser o modelo de referência e semente de liderança, devem conhecer-se enquanto CEO e enquanto empreendedoras, para evitar que os problemas particulares estraguem parcerias. As mulheres devem contribuir para o desenvolvimento de um país melhor e muito mais brilhante, porque elas foram feitas para liderar, sem olhar para as barreiras existentes”, concluem.