As expressões “negociar” (trading) e “investir” são utilizadas como se fossem permutáveis. Sim, o objectivo de ambas é o de obter um ganho financeiro. Mas serão elas realmente a mesma coisa?
As acções de muitas empresas dispararam durante a pandemia. Esta volatilidade do mercado – e as perspectivas de ganhar muito dinheiro – realçou as diferenças entre negociar e investir.
O primeiro ponto a notar é que a diferença entre negociar e investir não se deve, realmente, ao que se compra ou vende. Investidores e corretores de Bolsa tendem a comprar e vender os mesmos activos (acções, moedas, mercadorias). O que realmente importa é como e quando se compra e vende.
Diferença-chave número 1: Tempo
Uma diferença fundamental é o tempo de detenção do bem. Os corretores de Bolsa tiram partido tanto da subida como da descida dos mercados e tendem a “entrar e sair” das posições (esta é outra forma de dizer “comprar e vender”) durante um período de tempo mais curto. Isto significa que é provável que obtenham ganhos ou perdas menores, mas mais frequentes. Como mencionado acima, os corretores de Bolsa gostam frequentemente de mercados voláteis porque, quanto mais movimento houver, mais hipóteses existem de subir (ou descer) o mercado.
Pelo contrário, os focos a longo prazo dos investidores fazem-nos interessar por anos ou mesmo décadas, em vez de semanas, dias, horas ou mesmo minutos dos corretores da Bolsa. Estes tendem a ter os olhos fixados nos seus écrans, monitorizando constantemente os movimentos de preços. Os investidores normalmente não acompanham os movimentos de preços a curto prazo, e durante longos períodos podem nem sequer saber quanto valem as suas participações.
Diferença-chave número 2: Estratégia
Os corretores de Bolsa podem ter uma estratégia, mas é provável que esteja ligada a flutuações de curto prazo, no preço, e pode não estar relacionada, quer com o valor intrínseco do próprio investimento, quer com qualquer um dos objectivos pessoais destes.
Isso é muito diferente do investidor. A maioria dos investidores – porque procuram a longo prazo – vão estudar factores como o potencial de crescimento futuro de uma empresa. Este é apenas um exemplo de como podem escolher quais as acções das empresas a comprar e a deter.
É também mais provável que os investidores estejam a seguir um plano pessoal. Para que serve o investimento? É para pagar uma casa dentro de alguns anos? Ou será para a reforma? Se for uma destas coisas, por exemplo, o investidor pode construir um plano quando é provável que precise de dinheiro. E isso influenciará aquilo em que escolhem investir.
Diferença-chave número 3: Risco
Quer seja um corretor de Bolsa, quer seja um investidor, enfrenta um risco inerente. Pode perder algum ou todo o seu dinheiro.
Mas os riscos são diferentes. Um investidor que compra e detém normalmente, ao longo do tempo, tomará menos decisões e fará menos transacções do que o corretor de Bolsa, que se desloca frequentemente para dentro e para fora das acções. Assim, embora os ganhos do investidor possam ser menos espectaculares do que os do corretor de Bolsa em certos períodos, é também possível que haja menos perdas espectaculares.
Os dados históricos da Bolsa de Valores mostram que, quanto mais longo for o período para o qual possui acções da empresa, menor é a probabilidade de registar uma perda. Os corretores de Bolsa, em comparação, não têm esta garantia, porque não detêm os seus activos durante muito tempo.