Num discurso feito em Pretória, capital da África do Sul, e divulgado esta terça-feira, 9 de Agosto, pelo Departamento de Estado norte-americano, o secretário de Estado Antony Blinken anunciou que se trata de uma estratégia baseada no envolvimento dos EUA na África Subsaariana.
“A nossa estratégia está enraizada no reconhecimento de que a África Subsaariana é uma grande força geopolítica, que moldou o nosso passado, está a moldar o nosso presente e moldará o futuro. É uma estratégia que reflecte a complexidade da região – a sua diversidade, poder e influência – e que se concentra no que faremos com as nações e os povos africanos, não para as nações e povos africanos”, sublinhou.
De acordo com Blinken, os Estados Unidos e as nações africanas não podem alcançar nenhuma prioridade compartilhada – como a recuperação da pandemia, criação de oportunidades económicas, combate à crise climática, expansão do acesso à energia ou revitalização das democracias – se não trabalharem conjuntamente “como parceiros iguais”.
Nesse sentido, o secretário de Estado, que viajou para a África do Sul, República Democrática do Congo e Ruanda, sublinhou as quatro prioridades que estão no centro da estratégia dos EUA para a África Subsaariana.
“Primeiro, promoveremos a abertura, ou seja, a capacidade de indivíduos, comunidades e nações de escolher o seu próprio caminho e moldar o mundo em que vivemos (…). Os EUA não vão ditar as escolhas da África. Nem mais ninguém deveria. O direito de fazer essas escolhas pertence aos africanos, e somente aos africanos”, frisou o líder da diplomacia norte-americana.
Ao usar o termo “abertura”, Blinken referiu-se também à criação de caminhos para o livre fluxo de ideias, informações e investimentos, que, na actualidade, exigem conectividade digital. “Assim, os EUA estão a fazer parceria com Governos, empresas e empresários africanos para construir e adaptar a infra-estrutura que permite essa conectividade – uma internet aberta, confiável, interoperável e segura; centros de dados e computação em nuvem”, afirmou.
Como exemplo dessa abertura, Antony Blinken mencionou Moçambique, que em Março se tornou no primeiro país africano a licenciar a tecnologia Starlink da SpaceX. A tecnologia usa satélites para fornecer serviço de internet e ajudará a expandir o acesso e reduzir custos para as pessoas em todas as áreas rurais do País.
“Agora, uma razão pela qual o serviço de internet é tão irregular em lugares como Moçambique é porque os provedores dependem de ‘data centers’, que estão a centenas ou mesmo milhares de quilómetros de distância. Estamos a trabalhar com países e empresas africanas para mudar isso”, frisou o líder norte-americano, anunciando a alocação de 300 milhões de dólares em financiamento para desenvolver, construir e operar ‘data centers’ em toda a região.
“Trabalhar com parceiros africanos para cumprir a promessa da democracia” foi a segunda prioridade elencada por Blinken.
Para isso, o Presidente dos EUA, Joe Biden, conduzirá em Dezembro deste ano (2022), a Cimeira de Líderes Africanos, com foco no combate às ameaças à democracia, como a desinformação, vigilância digital e corrupção armada.
“Lançaremos uma nova abordagem à boa governança (…) que fará um investimento de uma década na promoção de sociedades mais pacíficas, mais inclusivas e mais resilientes em lugares onde as condições estão propícias para o conflito, incluindo Moçambique (…), Benin, Costa do Marfim, Gana, Guiné, Togo”, declarou Blinken.
“Graças ao apoio bipartidário no Congresso dos Estados Unidos, essa iniciativa pode contar com 200 milhões de dólares por ano em financiamento – todos os anos, por dez anos”, destacou ainda o secretário de Estado.
Em terceiro lugar, os EUA e África Subsaariana trabalharão juntos na recuperação face ao covid-19 e estabelecerão “bases para oportunidades económicas sustentáveis de base ampla para melhorar a vida” dos seus povos.
Por último, a estratégia de parceria incidirá na liderança para uma “transição de energia limpa que salve o nosso planeta, se adapte aos efeitos das mudanças climáticas e forneça energia para potencializar oportunidades económicas”, concluiu Blinken.