Estão a decorrer em Moçambique, desde ontem, 1 de Agosto, reuniões de trabalho com vista a acelerar a implementação de projectos de interligação regional, com o objectivo de incrementar as transacções de energia entre os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), assim como cobrir a procura nos próximos anos, e impulsionar o acesso à energia para as populações, estimulando o desenvolvimento industrial ao nível da região.
Em parceria com o Banco Mundial e a Southern African Power Pool (SAPP), a Electricidade de Moçambique (EdM), uma das protagonistas nesta interligação, vê no projecto um mecanismo de desenvolvimento nacional, que vai permitir a massificação da energia para todas as zonas recônditas do País, bem como incrementar receitas para os cofres nacionais.
Na sua intervenção, o administrador da EdM para a área de desenvolvimento do negócio, Pedro Nguelume, afirmou que o projecto é uma ferramenta que vai facilitar e complementar de forma interligada a transacção da energia para todos os países membros, possibilitando a partilha de recursos com os mais carenciados.
“No caso de Moçambique, a linha em estudo vai permitir ligar o Maláui, a Tanzânia, a Zâmbia e outros países vizinhos com aquilo que são os nossos recursos. Sabemos que Moçambique faz transacções de energia há muito tempo e, neste momento, somos o único dos activos, ou um dos actores mais activos, do mercado regional. Com estas linhas de transporte de energia, a médio e longo prazo, vamos poder implementar melhor aquilo que são os nossos projectos e garantir que os nossos recursos energéticos possam estar disponíveis para a região”, explicou o administrador.
Sem avançar números, Nguelume disse que, neste momento, os projectos estão em vários estágios, sendo impossível avançar com exactidão qual o montante em causa, pois cada um dos projectos tem o seu financiamento e estão em fases diferentes de estudo.
“Os ganhos são vários, a interligação vai permitir concretizar o grande objectivo, que temos como país, de poder exportar mais energia e atrair maior nível de receitas para o nosso território. A nossa participação activa permite melhorar a capacidade de atrair maiores receitas”, secundou.
Em termos de quantidade de energia a ser disponibilizada para esta interligação, Pedro Nguelume clarificou que cada uma das linhas projectadas vai ter um nível de utilização diferente. “São várias linhas e termos de utilização com níveis de 400 kilovolts e 450 kilovolts (Kv), mas em função daquilo que for o potencial que tivermos, vamos poder utilizá-las da forma mais rentável possível. Por exemplo, no projecto de Temane, cerca da metade da energia deve ser disponibilizada à região da SADC, e estamos a falar de 200 a 250 Megawatt (MW)”, enfatizou.
Actualmente, a iniciativa de interligar a região está em fase de desenvolvimento, num mecanismo de mobilização de recursos financeiros para os projectos, pelo que a SAPP está a visitar as empresas de electricidade da região, incluindo a EdM, para testar o modelo adequado.