A TotalEnergies não deverá reiniciar os trabalhos no projecto de LNG em Moçambique este ano e, quando o fizer, estará sob um contrato revisto. A ‘força maior’ não será levantada antes de 2023, no mínimo, mas, ainda assim, a empresa diz que o contrato de aprovisionamento e construção de grande parte do projecto Moçambique LNG será renovado com vista a enquadrar-se na actual conjuntura.
Em Junho de 2019, uma joint venture entre a Saipem, o empreiteiro americano McDermott International e a empresa de engenharia japonesa Chiyoda alinhou-se num projecto de engenharia, aquisição e construção das duas unidades de liquefação do projecto de gás natural liquefeito em Afungi, na província de Cabo Delgado, em Moçambique. Contudo, os trabalhadores foram evacuados daquela localidade, em Dezembro de 2020, devido à ameaça levada a cabo pelos insurgentes islamistas, situação que levou a que a TotalEnergies declarasse ‘razão de força maior’ para parar os trabalhos.
O projecto de 23 mil milhões de dólares continua sob ‘força maior’, com o chefe de operações da Saipem, Alessandro Puliti, a dizer isso mesmo aos analistas: “O projecto ainda está suspenso e não esperamos qualquer reinício das operações em 2022”, confirmando o que havia dito já ao portal Upstream Online. Perguntado por um analista se os termos e condições originais do contrato EPC de 2019 permaneceriam em vigor quando os trabalhos fossem reiniciados, Puliti disse que não seria esse o caso.
“Claramente, estamos hoje num mundo diferente de 2018 e 2019”, disse, destacando questões relacionadas com o covid-19 e os custos das matérias-primas, mesmo antes da guerra na Ucrânia. Puliti explicou que, em reuniões sobre os contratos herdados que foram adjudicados antes do covid, “a maioria dos clientes” tem estado disposta a acomodar custos crescentes e espera que o mesmo aconteça no acordo do Moçambique LNG.
“Quando houver um reinício das operações em Moçambique, estas têm de ser (realizadas sob) termos e condições diferentes, porque o que foi acordado no início do projecto já não é claramente sustentável. O reinício total do projecto será definitivamente numa base (contratual) diferente, negociada com o cliente”.
Partindo do princípio de que os trabalhos do Moçambique LNG serão reiniciados no próximo ano, as exportações de gás deverão começar em 2027 ou 2028 a partir de uma instalação com uma capacidade de 12,88 milhões de toneladas por ano.