Com o aumento dos preços do gás impelido pelo aumento da procura na Europa, a Eni SpA está já a planear um segundo navio de produção de gás natural liquefeito ao largo da costa de Moçambique que poderá estar concluído em menos de quatro anos.
O projecto da major italiana de petróleo e gás complementaria a sua plataforma Coral-Sul FLNG, orçada em 7 mil milhões de dólares, e que já está ancorada ao largo da costa norte de Moçambique, e deverá começar a exportar gás ainda este ano. Se a Eni decidir mesmo avançar com o segundo navio até ao início de 2023, a produção poderá mesmo começar antes do projecto onshore da TotalEnergies SE, no valor de 20 mil milhões de dólares, que, como se sabe, está parado desde o ano passado devido a questões de segurança em Cabo Delgado.
A operação surge num momento em que, na Europa, aumenta a procura de novas fontes de energia após a invasão russa da Ucrânia, fazendo com que os preços do gás para já tenham aumentado mais de quatro vezes face ao mesmo período do ano passado. Para Moçambique, uma segunda plataforma flutuante de exportação de GNL ajudaria a impulsionar as exportações de gás, abrandadas por múltiplos atrasos.
“Creio que para desenvolver plenamente os consideráveis recursos de gás de Moçambique, a decisão correcta é avançar tanto para um conceito onshore como para um conceito offshore”, disse Brusco.
“Esta é uma grande oportunidade, para desenvolver os recursos existentes e gerar receitas significativas”, assinalou Guido Brusco, chefe de operações de recursos naturais da Eni, numa entrevista online com a agência Bloomberg na semana passada. “É também uma grande oportunidade para a Europa diversificar os seus abastecimentos. Neste contexto, um projecto que poderia ser entregue em menos de quatro anos tem aqui uma tremenda janela de oportunidade”.
Antes de chegar a uma decisão final de investimento, a empresa teria, segundo a Bloomberg, de concordar com parceiros como a ExxonMobil Corp., China National Petroleum Corp. e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, propriedade do Estado moçambicano. A Eni é responsável por projectos offshore com a ExxonMobil a cargo dos activos onshore.
A exploração de Coral-Sul está a decorrer dentro do calendário previsto para as primeiras exportações deste ano, apesar dos atrasos na cadeia de abastecimento causados pela pandemia.
Localizada a mais de 50 quilómetros (31 milhas) offshore, também não foi afectada pela insurreição ligada ao Estado islâmico que levou a TotalEnergies a congelar os trabalhos no ano passado num projecto em terra que está planeado ter quase quatro vezes a capacidade da embarcação flutuante.
“Creio que para desenvolver plenamente os consideráveis recursos de gás de Moçambique, a decisão correcta é avançar tanto para um conceito onshore como para um conceito offshore”, disse Brusco.
A insurreição, que começou em 2017 e já vitimou pelo menos 4 131 pessoas, também atrasou uma decisão final de investimento da ExxonMobil para um desenvolvimento onshore da Área 4 que a empresa planeia em conjunto com a Eni e os outros parceiros do consórcio.
É crucial avançar rapidamente, uma vez que a procura de plataformas flutuantes de GNL e dos materiais necessários para a sua construção irá aumentar, disse Brusco. “Na situação actual, o tempo é essencial”.