O embaixador da Rússia em Moçambique e o sector privado defenderam, esta quinta-feira, 28 de Julho, que a utilização das moedas dos dois países dispensa a necessidade do uso do dólar, como acontece até hoje. A medida pretende remover as limitações causadas pelas sanções impostas à Rússia. A intenção das partes é também promover a importação do combustível russo, considerado mais barato comparado com o dos mercados de onde o País importa actualmente.
“O rublo e o metical são dignas divisas que podem ser usadas e não necessitam da benevolência de alguns outros países que controlam o sistema internacional”, declarou o embaixador da Rússia em Moçambique, Andrey Kemarsky, após um encontro com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
Segundo o diplomata, a Rússia está aberta a reforçar a cooperação com Moçambique e, com recurso às moedas dos dois países, é possível dinamizar a parceria, garantindo que Moçambique alcance resultados em torno dos seus esforços para a industrialização.
“A Rússia está disponível para apoiar Moçambique, tanto no que diz respeito aos cereais, fertilizantes ou máquinas que possam reforçar a industrialização do País”, acrescentou o diplomata.
Andrey Kemarsky lembrou que a Rússia e Moçambique têm uma reunião intergovernamental em Moscovo prevista para os próximos meses, na qual serão debatidos aspectos ligados a cooperação bilateral.
“Estes temas vão ser discutidos nesta comissão mista, estamos só à espera da resposta de Moçambique sobre as datas”, declarou o diplomata, que olha para o País como um parceiro confiável na estratégia de Moscovo de reforço da sua presença no continente africano.
Na mesma senda, dados avançados pela CTA indicam que o volume anual das transacções económicas entre Moçambique e Rússia estimava-se em, pelo menos, 100 milhões de dólares.
Moçambique esteve entre os países que se abstiveram em duas resoluções que foram a votos na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU): uma condenou a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra, e outra suspendeu Moscovo do Conselho de Direitos Humanos.
A Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.