A política monetária é utilizada para “influenciar a variação dos preços dos bens e serviços que consumimos”. A política monetária tem tudo a ver com o seu dinheiro, os preços e os juros que paga. Compreenda como funciona.
Pense num mês em que o seu orçamento ficou completamente fora de controlo: recebeu menos do que esperava, chegaram contas que nem sequer se lembrava e houve imprevistos “dignos da Lei de Murphy”. O dinheiro entrou e saiu da sua conta de forma tão caótica que não sabia se podia comprar um café na padaria sem causar uma catástrofe nas suas contas.
Agora imagine se isto acontecesse todos os meses. Fica desesperado só de pensar no assunto, não é verdade? Ninguém gosta de contas desequilibradas. Bem, o mesmo se passa com a economia do país.
Tal como precisa de controlar as suas contas, o país precisa de equilibrar o dinheiro que circula à sua volta para evitar que a inflação se descontrole e que as taxas de juro se tornem um pesadelo, gerando uma bola de neve de desemprego, estagnação e caos. Este equilíbrio das contas é o grande objectivo da política monetária.
O que é a política monetária na prática?
Depois desse mês caótico, decidiu lidar melhor com o seu dinheiro: mapeou quanto ganha, quanto gasta, estabeleceu objectivos de despesa e investimento. Do mesmo modo, o governo também deve fazer este trabalho de casa, chamado política económica – a política monetária é o pilar da política económica que controla a circulação do dinheiro no país.
A política económica é qualquer acção governamental para equilibrar as contas do país e evitar problemas que possam colocar a economia em risco.
E quais são estes problemas? Aqueles que impedem a economia de se virar e afectam, como consequência, a sua vida, tais como a inflação elevada, que o impede de comprar produtos e o desemprego, que elimina os seus rendimentos e aumenta as suas hipóteses de contrair dívidas. Tudo isto é mau para si e para o país.
É para manter a economia em equilíbrio, com inflação controlada, dinheiro a circular, empregos a aumentar e contas a tempo, que a política económica existe. E é formada por três pilares: política fiscal, política cambial e a política monetária.
Eis as diferenças básicas entre os pilares da política económica:
Política fiscal – É o orçamento. Tal como conhece as suas receitas e despesas, o governo também controla as suas próprias contas.
Política cambial -É a relação financeira entre os países, a forma como um país gere a negociação de moedas estrangeiras (câmbio).
Política monetária – Controla o dinheiro que circula no país: não pode ser demasiado, ao ponto de fazer aumentar demasiado o consumo, aumentando também, assim, a inflação; e não pode ser pouco ao ponto de desencadear a procura de empréstimos, o que faria aumentar as taxas de juro.
Por outras palavras, cada pilar da política económica cuida de um aspecto da economia e a principal função da política monetária é manter o dinheiro a circular no país de uma forma equilibrada.
Mas porque é que é importante controlar a quantidade de dinheiro?
Porque muito ou pouco dinheiro afecta os preços dos produtos e serviços que consumimos no dia-a-dia. Quando a procura é alta, mas a oferta é pequena, o preço sobe e, assim, aqueles que não querem ou não podem pagar desistem de comprar. Por outro lado, quando a oferta é alta, mas ninguém está disposto a comprar, o preço cai – é como tentar vender um guarda-chuva num dia de sol.
A lógica é semelhante à da circulação do dinheiro. Quando há muito dinheiro disponível, o consumo aumenta. E quando há muita procura sem oferta para acompanhar este crescimento, os preços sobem. Este efeito é conhecido: inflação.
Será que pouco dinheiro em circulação resolve o problema?
Muito pouco dinheiro em circulação na economia é tão prejudicial como ter demasiado. Nesta situação, o mercado torna-se ilíquido, ou seja, torna-se mais difícil converter qualquer bem (produto, serviço, investimento) em dinheiro.
Com menos dinheiro em circulação, as pessoas precisam de encontrar alguma forma de financiar o seu próprio consumo e pagar as suas contas. E a forma mais comum é contrair um empréstimo. Num cenário em que muitas pessoas querem crédito, os bancos tendem a aumentar as taxas de juro.
Taxas de juro mais elevadas podem aumentar as hipóteses de incumprimento. Por outras palavras, torna-se mais difícil para as pessoas pagar as dívidas que contraíram e isto obriga-as a reduzir ainda mais o consumo. Sem vender, as empresas param a produção, despedem mais pessoas e põem mais pessoas sem dinheiro na economia. É um ciclo.
Na prática, uma economia não pode ter nem dinheiro a mais nem a menos. Um desequilíbrio tem consequências directas na vida das pessoas e afecta, principalmente, as taxas de juro e a inflação.