A produção de cimento é actualmente responsável por 8% das emissões globais de carbono. Uma equipa de engenheiros da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, desenvolveu uma forma de fazer betão sustentável, adicionando organismos vivos à mistura.
O método não só é neutro como até poderia provar ser negativo em carbono porque o material é capaz de absorver o carbono e armazená-lo dentro do betão.
O sector da construção civil é responsável por uma grande parcela das emissões globais de carbono, muitas delas provenientes produção de cimento, que é o segundo material mais consumido no planeta, depois da água.
O cimento produz emissões de duas formas principais: uma através das reacções químicas que ocorrem durante a sinterização do calcário e outros materiais para tornar o “clínquer” um componente chave do cimento; a outra vem da utilização de combustíveis fósseis para aquecer os fornos a temperaturas muito elevadas.
A produção de cimento liberta quantidades maciças de dióxido de carbono, outros gases com efeito estufa e emite partículas para a atmosfera. Mas resulta no material de construção mais amplamente utilizado no mundo e que continuará, provavelmente, a ser o preferido da indústria da construção nos próximos anos: o betão.
É por isso que muitos investigadores têm vindo a experimentar formas de tornar este material mais sustentável, tais como a utilização de produtos alternativos ou a tentativa de capturar dióxido de carbono durante o processo de produção.
Mas está provado que é muito difícil fazer betão amigo do ambiente a preços acessíveis, as microalgas podem ser o ingrediente-chave. Em vez da queima tradicional de calcário e argila num forno, os investigadores decidiram cultivar microalgas chamadas cocholithophores, também conhecidas como fitoplâncton calcificante, porque são capazes de criar depósitos de carbonato de cálcio durante a fotossíntese.
E, o mais impressionante, ao contrário das estruturas calcárias naturais, que podem levar milhões de anos a formar-se nos oceanos, esta versão biogénica do cimento produzido pelos cocolitóforos pode ocorrer em tempo real.
Como surgiu a ideia de fazer cimento a partir de algas?
A ideia da invenção do cimento biogénico veio à mente do professor Will Srubar, da Universidade do Colorado (UC) em Boulder em 2017, enquanto mergulhava na Tailândia, onde estava a passar a sua lua-de-mel. Debaixo de água, o engenheiro ambiental ficou encantado com as estruturas de carbonato de cálcio construídas naturalmente à volta dos recifes de coral. “Se a natureza pode cultivar calcário, porque não podemos nós?”, perguntou, na altura.
No seu regresso, Srubar e a sua equipa começaram a produzir grandes quantidades de carbonato de cálcio utilizando apenas luz solar, água do mar, dióxido de carbono dissolvido na água e os cocolitóforos. Os cientistas estimam que cerca de 800 mil hectares de lagos abertos (0,5% da área terrestre nos EUA) poderiam produzir todo o cimento de que o país necessita actualmente.
A equipa da UC pretende tornar o processo mais eficiente através da optimização da selecção de estirpes e do processo de crescimento, melhorias que devem ser facilitadas graças a uma subvenção de 3,2 milhões de dólares que a equipa obteve recentemente do Departamento de Energia dos EUA.