O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, defendeu esta segunda-feira, 25 de Julho, que as sanções contra a Rússia “não são responsáveis pelos elevados preços dos alimentos ou fertilizantes”, mas que é possível alterá-las caso haja um “efeito indirecto” sobre estes mercados.
De acordo com o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, há actores económicos que “estão a exagerar” na sua reacção face às sanções.
“Podendo fazer algo que não está proibido, não o fazem por medo de ter problemas”, afirmou Borrell na Universidade Internacional Menéndez Pelayo, em Santander, no norte de Espanha, segundo noticia a agência noticiosa espanhola Efe.
Josep Borrell acrescentou que já alertou os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países africanos que nas sanções da UE à Rússia, pela invasão à Ucrânia, “não entravam as suas importações de trigo ou fertilizantes. Se houver algum fenómeno que tenha impacto sobre essas exportações russas, é claro que o analisaremos e o eliminaremos”, acrescentou.
O alto representante europeu alertou para o que diz ser uma “narrativa russa” que tenta “apresentar ao mundo” que as sanções pela União Europeia são a razão para os elevados preços da energia ou dos alimentos, sublinhando que estas “excluem expressamente os alimentos e fertilizantes”.
“Não podemos culpar as sanções, mas se tais coisas acontecerem – que poderiam decorrer de efeitos indirectos -, vamos certamente monitorizá-las e avisar os operadores para que tal não aconteça”, acrescentou.
Sobre as críticas contra as sanções, Borrell considerou que têm um efeito “não imediato”, mas que a Rússia “vai ser afectada” em sectores “mais críticos”, como a tecnologia.
A Rússia lançou, em 24 de Fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. A ofensiva militar russa causou também a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.