No passado dia 28 de Junho foi assinado um protocolo entre as empresas Casais, Mota Engil, Teixeira Duarte e o português Centro de Formação Profissional CICCOPN, para a instalação de contentores dormitórios nas instalações do CICCOPN, de forma a alojar os alunos dos PALOP que estejam em formação. Jovens moçambicanos e são-tomenses serão os primeiros a ter acesso ao programa.
A cerimónia oficial decorreu nas instalações do CICCOPN, na Maia, norte de Portugal, tendo contado com a presença, entre outros, de António Carlos Rodrigues (CEO da Casais), Manuel Teixeira Duarte (Presidente da Teixeira Duarte), Miguel Boavida (Administrador da Mota-Engil), Manuel Reis Campos (Presidente da AICCOPN), Rui Valente (Diretor do CICCOPN), Carla Alexandra Vale (Delegada Regional do Norte do IEFP) e Paulo Ramalho (Vereador da Câmara Municipal da Maia e Deputado da Assembleia da República).
Actualmente, o sector da construção civil carece, em Portugal, de 80 mil trabalhadores qualificados e, para tal, as três empresas, todas com operações no continente africano, ao assinarem este protocolo, comprometeram-se a fornecer contentores dormitórios para incrementar a capacidade de alojamento do centro para os estudantes dos vários mercados da CPLP.
Manuel Reis Campos, Presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), reforça a ideia de que que o sector da Construção Civil necessita de 80 mil trabalhadores, lamentando que estejam cerca de 26 mil desempregados deste segmento com registo nos centros de emprego “e que não estão a ingressar na atividade”.
Desde o ano passado, o CICCOPN já recebeu cerca de 120 jovens dos PALOP, na sua maioria vindos de São Tomé e Príncipe. A partir de setembro de 2022, são esperados mais jovens, mas oriundos de Moçambique, para os quais a instalação destes dormitórios será também muito importante. As formações frequentadas pelos jovens têm a duração de dois anos e meio e, no final, conferem a equivalência ao 12.º ano português e uma qualificação profissional nas respetivas áreas de formação (Eletricidade, Técnico/a de laboratório, Informática, entre outros).
Rui Valente, Diretor do CICCOPN, deu conta que “é expectável que cheguem mais jovens ao longo dos meses. Prevemos, entre Setembro e Outubro, iniciar mais ações de formação com mais jovens, quer de São Tomé, quer de Moçambique. Há uma intenção de promover a qualificação profissional para o sector da Construção Civil através destes jovens, que vêm para Portugal e que podem ficar no mercado de trabalho português”.
No total, o CICCOPN já formou quase 200.000 profissionais no setor da construção civil desde a sua inauguração, em 1981 e, para António Carlos Rodrigues, CEO da Casais, “quando se fala nos quase 200.000 formandos que já passaram pelo CICCOPN, é necessário multiplicar o número ‘por dez’ porque, na verdade, todos os trabalhadores que saíram desta escola foram para o contexto de trabalho e formaram outros tantos trabalhadores”.
O protocolo assinado entre as 3 empresas do setor da Construção e o CICCOPN visa a instalação de 2 blocos dormitórios que compreendem no total cerca de 32 camas. Para além disso, o protocolo traz também vantagens formativas, uma vez que as empresas que fazem parte do acordo, comprometeram-se a receber os formandos para formação prática em contexto de trabalho.
Manuel Teixeira Duarte, Presidente da Teixeira Duarte, faz questão de reforçar que “o protocolo é muito relevante porque acreditamos que o futuro passa pela melhoria das condições dos trabalhadores do setor da Construção Civil. Se queremos aumentar o rendimento, temos de aumentar as qualificações e as competências”.
Por fim, Miguel Boavida, Administrador da Mota-Engil, explicou que “a importância deste protocolo é, de facto, podermos elaborar um número infindável de créditos reconhecidos na formação de jovens dos PALOP, mas que são formados em Portugal, para trabalhar em Portugal”.
Em 2021, altura em que o CICCOPN completou 40 anos de existência, foram ministradas ações de formação a cerca de 11 mil pessoas, entre cursos com equivalência ao 12.º ano, de reconversão e de atualização de conhecimentos.