A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) está a desenvolver um programa na Guiné-Bissau para identificar e combater parasitas nos cajueiros, de onde é retirada a castanha de caju, principal produto de exportação do país.
O programa denominado “Apoio à doença do cajueiro, pragas e gestão de pragas na Guiné-Bissau” está a ser desenvolvido em conjunto com o Governo guineense e conta com a participação de investigadores da Universidade de Lisboa, que estiveram no país, em Maio, a fazer visitas às plantações no arquipélago dos Bijagós e na região de Gabu.
“A missão na Guiné-Bissau dos pesquisadores portugueses teve como objectivo identificar as principais pragas, mas, sobretudo, formar técnicos para implementar boas práticas na gestão de pragas”, refere a FAO, em comunicado a que a Lusa teve acesso, esta quinta-feira, 7 de Julho.
Mencionada no comunicado, Filipa Monteiro, investigadora do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, explicou que a missão nas ilhas teve como objectivo verificar uma zona que faltava, “especialmente numa área que fica na fronteira com a Guiné-Conacri”.
“Para nossa surpresa, tivemos a percepção de que as hortas de cajueiro nas ilhas se encontram em relativas boas condições fitossanitárias e não afectam tanto os cajueiros quanto no continente”, referiu a investigadora.
Filipa Monteiro afirmou que foram encontradas, pela primeira vez, na Guiné-Bissau, nas ilhas de Orango e Bubaque, os pulgões de cajueiro.
“Encontrámos algumas plantas com doenças e a principal delas é a resinosa, mas sempre associada a cajueiros mais velhos. O pó fidalgo [planta semi parasita que se fixa nos ramos do cajueiro e absorve a seiva], que mata a árvore, nas ilhas de Orango e Bubaque, sendo no continente um problema bastante grande em regiões litorais como Biombo, Quinara, Tombali e Cacheu”, explicou a investigadora, que recomenda o corte dos ramos afectados para evitar a morte do cajueiro.
O comunicado refere que a FAO está a apoiar o Governo através do diagnóstico de doenças, pragas e parasitas do caju ao mesmo tempo que dá formação profissional a técnicos para a sua identificação.
“Os técnicos estarão em campo todas as semanas, tirando fotos, verificando e comparando diferentes partes das plantações”, afirmou Zinha Correia, coordenadora nacional do projecto, também citada no comunicado.
A castanha de caju é o principal produto de exportação da Guiné-Bissau, motor do crescimento económico do país, e da qual depende directa ou indirectamente 80% da população guineense.