Muito recentemente fui convidado para falar num seminário da Rádio Moçambique sobre sustentabilidade dos meios de comunicação nos tempos actuais.
Foi um grande desafio, uma honra e, sobretudo, uma oportunidade para reflectir sobre o panorama actual dos media e onde está a atenção dos consumidores.
A RM é uma das instituições de maior prestígio no País.
A rádio é um meio que marcou a história de Moçambique nos últimos 90 anos. Durante décadas, até aos anos 80, a rádio liderava as audiências. Mesmo quando a televisão surgiu, a rádio continuou a ser um dos meios mais importantes de comunicação junto com a imprensa.
A rádio é o meio com maior abrangência geográfica. O único meio que emite em línguas locais nas Províncias. É um meio muito forte.
Mas as revoluções da tecnologia, o surgimento da internet, seguido do do mobile e das redes sociais, vieram transformar o cenário dos media.
Em África, mais precisamente em Moçambique, dado o estágio de desenvolvimento, as transformações acontecem mais rápido enquanto na Europa, por exemplo, o hábito de consumir a rádio prevalece, sobretudo nas gerações mais velhas, na dinâmica que o meio rádio encontrou para se adequar às mudanças dos tempos, sobretudo porque 70% da população é jovem e está na faixa dos 17 anos.
Há muito para aprofundar na questão da rádio em Moçambique.
Mas este artigo não é sobre a rádio. É sobre conteúdos. Qualquer meio é um canal para passar informação, entretenimento e mais aos consumidores.
No Meio do Canal
Por isso, no dia da palestra na Rádio Moçambique, comecei a apresentação com a seguinte frase: “a RM nunca foi rádio! É uma emissora de conteúdos.” Assim como a TVM não é a televisão. É uma emissora de conteúdos audiovisuais. O Notícias não é o jornal. São conteúdos impressos em papel.
Esta introspecção é um desafio maior, sobretudo para os canais públicos. Que devem fazer mudanças rápidas. Afinal, de nada adianta ser um canal público se não tiver público.
Os meios são apenas meios. Todos os meios são tecnologia que permite passar conteúdos. Com o andar dos tempos, aconteceu um grande equívoco. Confundir meios com conteúdos. Os canais, que afinal eram meios, ficaram meio confusos.
A tecnologia revolucionou e vai continuar a revolucionar a forma como recebemos a informação. Se alguém quiser saber alguma coisa hoje vai saber primeiro no mobile. Não vai esperar pelo telejornal ou pelo noticiário. Ou pelo jornal no dia seguinte.
Este cenário tem tanto de desafios como de oportunidades. Porque os próprios meios também são marcas. E a marca é o bem mais precioso de qualquer empresa. Nós seguimos marcas porque assim escolhemos. E a nossa escolha é baseada em milhares de percepções que temos sobre essa marca.
No caso dos media, uma das maiores vantagens das suas marcas é a credibilidade. Afinal, se a RM disse é porque é verdade. Confiamos. E assim acontece com outras marcas de meios.
A forma como esses meios chegam até nós é que mudou. A rádio, a televisão, as notícias escritas chegam pelo telemóvel. E, se vierem com a força dessas marcas, esses meios ganham força.
No caso dos smartphones, que hoje é a maior parte da percentagem de telemóveis no País, podem ser criadas apps de cada marca. E, dentro dessa app, ter conteúdos seleccionados da marca do meio.
Por outras palavras, a rádio numa app mobile pode transmitir som, conteúdos audiovisuais, escritos. A rádio ser muito mais que som. E com mais vantagens ainda. Podemos rever esses conteúdos. Porque ficam na plataforma. É um mundo de formas de chegar a nós que já existe. Como o Youtube e mais. E isto que parece ser óbvio não está a ser levado em conta pelos meios.
O Meio de Chegar
Neste momento, segundo os dados do INCM, já existem 12 milhões de sim cards activos em Moçambique, dos quais 60% são smartphones. E este número cresce exponencialmente a cada minuto.
Não há muito tempo, sabíamos de algo porque “deu na rádio”, ou “vi na televisão”. Houve uma mudança drástica e muito rápida pelo crescimento do mobile. A informação chega no momento à mão do consumidor. O poder está na mão das pessoas. Os olhos e os ouvidos do consumidor estão primeiro na tela do celular. E as pessoas procuram e consomem conteúdos a uma velocidade como nunca antes.
Um bom exemplo do poder dos telemóveis foi o julgamento transmitido ao vivo e muito mediático, que aconteceu recentemente. A rádio foi ouvida no telemóvel.
Em Moçambique esses celulares têm um nome. “Bombinhas”. Baptizados pelo povo, é assim que o povo se refere a um celular barato que permite ouvir rádio. Ouvir o conteúdo no fundo. E o povo assim fez. Pedreiros nas obras, guardas nos prédios, trabalhadores das classes de renda baixa estão na rádio dos seus telemóveis todo o dia.
É apenas mais uma prova de que é o conteúdo que manda. Os meios devem passar a ser marcas de conteúdo credível, interessante e bem distribuído de múltiplas formas. Devem investir nos conteúdos e nas suas marcas. Caso contrário, ficam parados no meio do canal.
Neste momento, segundo os dados do INCM, já existem 12 milhões de sim cards activos em Moçambique dos quais 60% são smartphones. E este número cresce exponencialmente a cada minuto.
Neste momento, segundo os dados do INCM, já existem 12 milhões de sim cards activos em Moçambique. Dos quais, 60% são smartphones.
E este número cresce exponencialmente a cada minuto.
Não há muito tempo, sabíamos de algo porque “deu na rádio”, ou “vi na televisão”. Houve uma mudança drástica e muito rápida pelo crescimento do mobile.
A informação chega no momento à mão do consumidor.
O poder está na mão das pessoas.
Os olhos e os ouvidos do consumidor estão primeiro na tela do celular.
E as pessoas procuram e consomem conteúdos a uma velocidade como nunca antes.
Um bom exemplo do poder dos celulares foi o julgamento transmitido ao vivo, e muito mediático que aconteceu recentemente. A rádio foi ouvida no celular.
Em Moçambique esses celulares têm um nome. “Bombinhas”.
Baptizados pelo povo, é assim que o povo se refere a um celular barato que permite ouvir rádio.
Ouvir o conteúdo no fundo.
E o povo assim fez. Pedreiros nas obras, guardas nos prédios, trabalhadores das classes de renda baixa estão na rádio dos seus celulares todo o dia.
É apenas mais uma prova de que é o conteúdo que manda.
Os meios devem passar a ser marcas de conteúdo credível, interessante e bem distribuído de múltiplas formas