O director nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis confirma que algumas empresas revendedoras de combustíveis deixaram de abastecer o mercado devido às margens negativas nas vendas.
Falando, este sábado, 2 de Julho, no programa Linha Directa da Rádio Moçambique, Moisés Paulino, director nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis no Ministério dos Recursos Minerais e Energia, disse que o Governo está atento à situação, não havendo, para já, qualquer razão de preocupação. Paulino adiantou que, no momento oportuno, o Governo vai pronunciar-se com mais pormenores sobre o assunto.
Refira-se que, na semana passada, o director-geral da Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO), João Macandja, disse ao Notícias que a constante subida dos preços de combustíveis no mercado internacional está a reduzir a capacidade de algumas gasolineiras nacionais continuarem a mobilizar recursos para fazer as importações.
João Macandja elucidou que, se no passado o País precisava de entre 50 milhões e 80 milhões de dólares para a importação de combustíveis, actualmente são necessários cerca de 200 milhões de dólares. João Macandja explicou que, devido à deterioração da situação financeira, cinco pequenas gasolineiras deixaram de importar os combustíveis.
Em Junho último, o crude que tem servido de referência para os preços dos produtos refinados oscilou no mercado internacional entre 100 dólares e 120 dólares o barril. Macanja referiu que, por exemplo, Moçambique e outros países adquiriam a tonelada de gasolina por 761 dólares em Fevereiro, mas o valor subiu em Março para 822 dólares até atingir 1068 dólares a tonelada em Maio. Em Fevereiro, o litro da gasolina chegava aos portos moçambicanos a 38 meticais, em Março a 41 meticais, em Abril a 47 meticais e em Maio a 54 meticais.
“É importante explicar que o nosso país compra o combustível por meio de uma cooperativa que se chama IMOPETRO, e isto tem a vantagem de poder reduzir os custos de aquisição por via da economia de escala, porque quanto maior for a quantidade adquirida maior será o desconto”, referiu.
Macandja acrescentou que, ao abrigo do quadro legal vigente, o País faz as aquisições por meio de um concurso público, obedecendo a padrões internacionais, o que assegura maior transparência no processo. Garantiu que, apesar da erosão da capacidade de importação de algumas empresas, Moçambique tem combustível assegurado para os próximos dias.
O director da IMOPETRO apontou ainda que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia veio exacerbar um problema a que já se vinha assistindo desde finais do ano passado, quando a tendência de abertura de alguns mercados começou a influenciar a demanda dos combustíveis (facto que não foi acompanhado pelo aumento de produção), com impacto na subida dos preços.
O gestor da única importadora de combustíveis em Moçambique advertiu que, se a guerra entre a Rússia e a Ucrânia se prolongar, o mundo continuará a ressentir-se dos preços elevados dos combustíveis.
“Sabemos que há algumas soluções que estão a ser equacionadas como, por exemplo, o aumento da produção por alguns países produtores, mas isso só não vai impactar a oferta. Também há algumas movimentações para se colocar no mercado alguma produção da Venezuela e do Irão, mas acreditamos que não será suficiente para estabilizar o mercado”, previu Macandja.