A quantidade de moeda em circulação na economia aumentou quase 1% em Maio de 2022 face a Abril do mesmo ano, ao passar de, pelo menos, 571,7 para (quase) 575,7 mil milhões de kwanzas, calculou o jornal Mercado, baseando-se nos dados do Banco Nacional de Angola (BNA), recentemente divulgados.
Face aos dados divulgados pelo banco central, pôde-se concluir que em Maio último a economia passou a dispor de, pelo menos, mais quatro mil milhões de kwanzas, comparativamente a Abril do presente ano, em que o relatório do Banco Mundial “Africa Pulse” prevê um crescimento económico de 2,9%, após seis anos de recessão.
Apesar de o aumento ser menor que 1%, a crítica aplaude a medida do BNA, pois a economia angolana está desprovida de condições para ter mais dinheiro (notas e moedas) em circulação, sob pena de comprometer todos os esforços (ao nível da política monetária) para o controlo da inflação, cuja previsão para este ano é de 18%. “O valor aplicado ajusta-se às necessidades correntes dos agentes económicos e vai ao encontro da estratégia de aumento de liquidez sem pôr em causa a meta de inflação estabelecida pelo banco central”, explicou o economista Vicente Gaspar, chamado uma vez mais a comentar o tema.
O montante injectado em Maio é, de certa forma, um ‘estímulo’ à economia, num momento em que o petróleo bruto (commodity de maior referência para Angola) continua a ser cotado acima dos 100 USD no mercado internacional, à conta do conflito russo-ucraniano e das sanções impostas contra o Irão, um dos maiores produtores mundiais de crude.
O BNA, asseguram os especialistas, pode aumentar ou reduzir a quantidade de moeda em circulação nos próximos meses, sobretudo se o Estado emitir títulos de dívida pública de médio prazo. Esta medida (emissão de títulos da dívida pública), sustentam ainda os especialistas, reduz a liquidez na economia e permite maior controlo da inflação.
Com o incremento das reservas obrigatórias, explicam, houve uma redução da quantidade de depósitos que podiam ser criados, originando uma contracção da oferta de moeda. Por outras palavras, “se a taxa do aumento em Maio fosse inferior a 5% o efeito seria contrário”.
As reservas obrigatórias, alegou, são consideradas uma espécie de impostos à vista dos bancos comerciais. “Uma pequena modificação nas reservas obrigatórias tem efeitos significativos sobre a oferta da moeda, pois altera o multiplicador monetário, razão pela qual o banco central raramente recorre ou altera este instrumento de controlo monetário”.
Explicou igualmente que os bancos comerciais podem formar três tipos de reservas: “a moeda corrente guardada nos próprios bancos (uma espécie de caixa); as reservas voluntárias no banco central (para atenderem o excesso de pagamentos frente à recepção na compensação de cheques); e as reservas obrigatórias no banco central (para garantir a segurança mínima ao sistema bancário).
Também em Maio de 2022, verificou-se um aumento de, aproximadamente, 0,03 % das reservas obrigatórias em moeda estrangeira. Tal factou, segundo especialistas, causou uma ligeira redução na oferta de moeda estrangeira na economia.
“As reservas obrigatórias, também denominadas de reserva legal, são consideradas uma espécie de imposto sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais. É exigido aos bancos comerciais que mantenham uma fracção dos seus recursos à vista junto do banco central”, explicou Vicente Gaspar.
A reserva bancária aumentou quase 5% em relação a Abril do mesmo ano, como apontam os cálculos do Mercado, tendo subido de 2,3 biliões para 2,5 biliões Kz.