Estima-se que cerca de 17% da população mundial ainda não tem acesso a electricidade (Klaus Schwab, 2016).O Fórum Económico Mundial está comprometido em ajudar a limitar o aquecimento global a menos de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e garantir que a energia limpa seja acessível, segura e inclusiva (World Economic Forum, 2022).
Energia renovável, ou energia limpa, é toda a energia proveniente de uma fonte que se renova naturalmente de forma cíclica em curto espaço de tempo. As mais utilizadas, e mais conhecidas fontes/formas de energia renovável têm sido a energia solar, energia eólica, energia hídrica e biomassa. Em Moçambique, em particular, a electrificação com recurso a sistemas fotovoltaicos tem sido amplamente uma aposta, sobretudo em zonas rurais, tanto em residências, como em unidades sanitárias, estâncias turísticas, vilas e escolas.
Actualmente, as energias renováveis têm maior relevância, por um lado por serem menos poluentes (redução dos gases de efeito estufa), por outro pela sua acessibilidade e custo relativamente baixo de implementação e manutenção a médio e longo prazo.
Nesse contexto, alguns empreendedores tecnológicos estão a desenvolver novas soluções para aproveitar ao máximo as fontes de energia limpa. Por exemplo (*), a Betteries (com sede em Berlim, na Alemanha), uma das 100 empresas a nível mundial selecionadas para o Technology Pioneers 2022 do Fórum Econômico Mundial, fornece alternativas sustentáveis para geradores e sistemas de propulsão baseados em combustível e aposta no uso de baterias multiuso sustentáveis e acessíveis; a SolaGaps, com sede na Califórnia, é pioneira num método de distribuição de energia que alimentará residências, escritórios e cidades do futuro; a Indústrias de Cambridge, com sede em Adis Abeba, na Etiópia, desenvolveu o primeiro parque urbano sustentável de resíduos para energia em África, integrando materiais biológicos de fontes de resíduos e gases poluentes, criando bio-reactores de última geração e fazendas de insetos (a instalação é capaz de processar 1 400 toneladas de resíduos urbanos por dia e produzir 185 GWHr de electricidade anualmente, que serão exportados para a rede nacional da Etiópia); e a SOLshare, startup sediada no Bangladesh, fornece plataformas de comércio de energia para famílias de baixa renda – casas com painéis solares no telhado podem revender o seu excesso de electricidade a uma rede de micro redes, abordagem de electrificação que permite que as pessoas que vivem em zonas rurais se tornem empreendedores solares.
No mercado nacional, já é visível o crescimento da oferta de soluções com boa relação-custo benefício e os dados indicam que o país apresenta um potencial renovável total de 23 026 GW (ALER, 2017). Nesta perspectiva, as empresas podem crer que a aposta/investimento em energias renováveis é confiável e sustentável.
Como forma de contribuir para reduzir os impactos ambientais do uso de energia menos limpa e maximizar o uso de energias renováveis, as empresas poderão adoptar as seguintes acções:
– Criar um roadmap de descarbonização da empresa com enfoque na redução das emissões carbónicas na produção/locais de maior demanda energética;
– Aposta tecnológica, procurando maximizar a eficiência no rendimento das máquinas e equipamentos utilizados, o que permitirá diminuir o consumo de energia e melhorar o aproveitamento da sua produção;
– Abordagem comportamental, que se fundamenta nas mudanças de hábitos e padrões de utilização, reduzindo o consumo energético;
– Aposta no uso da energia solar ou modelo de electrificação híbrido nos escritórios e área de produção, tendo em conta que a energia solar é considerada a mais abundante, mais barata e mais fácil de ser implementada em qualquer instalação.
De entre os vários benefícios ambientais e socio económicos, a aposta no uso de energia renovável, poderá proporcionar maior autonomia das empresas nas suas operações, conferindo menor dependência da energia da rede pública, onde os cortes e reajustes do preço kWh são frequentes. Por outro lado, a aposta em energias renováveis poderá ajudar a criar uma cultura de sustentabilidade no seio da empresa e a valorizar a marca/empresa no mercado, considerando que cada vez mais consumidores/clientes levam em consideração a sustentabilidade das empresas/marcas dos produtos/serviços que adquirem.
É inquestionável que a adopção de fontes de energia mais baratas, limpas e renováveis de energia é ainda um desafio para as empresas. Todavia, os avanços tecnológicos e impactos ambientais decorrentes do uso de combustíveis fósseis, tem demostrado que se deve repensar os modelos energéticos das empresas e a sua contribuição para um desenvolvimento que se pretende que traga impactos benéficos para as actuais e futuras gerações.