O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) fez saber na sexta-feira, 17 de Junho, que conflitos, violência e outras crises deixaram um recorde de 36,5 milhões de crianças deslocadas no final de 2021, o número mais alto registado desde a Segunda Guerra Mundial.
A estatística da UNICEF abrange 13,7 milhões de crianças refugiadas e requerentes de asilo, e 22,8 milhões que estão deslocadas internamente devido a conflitos e violência. No entanto, não estão incluídas as crianças deslocadas por desastres naturais ou mudanças climáticas, nem as recém-deslocadas em 2022, inclusive pela invasão russa na Ucrânia.
De acordo com a UNICEF, o número recorde de crianças deslocadas é resultado directo de crises contínuas, incluindo conflitos agudos e prolongados, como no Afeganistão, e fragilidade em países como a República Democrática do Congo ou o Iémen – todos agravados pelos impactos destrutivos das mudanças climáticas.
O número de crianças deslocadas tende a aumentar rapidamente, disse a agência da ONU. No ano passado, o número global de crianças deslocadas no mundo aumentou em 2,2 milhões.
“Não podemos ignorar as evidências: o número de crianças deslocadas por conflitos e crises está a crescer rapidamente e é nossa responsabilidade protegê-las”, disse a directora-executiva da UNICEF, Catherine Russell.
“Antes de tudo, espero que esse número alarmante leve os governos a impedir que as crianças sejam deslocadas”, afirmou a directora da UNICEF, que completou: “e quando forem deslocadas, espero que os governos garantam o acesso à educação, protecção e a outros serviços essenciais que apoiem o bem-estar e desenvolvimento dessas crianças agora e no futuro”.
Crises como a guerra na Ucrânia, que fez com que mais de dois milhões de crianças fugissem do país e deslocou três milhões internamente desde Fevereiro somam-se a esse recorde.
Além disso, crianças e famílias também estão a ser forçadas a sair de suas casas por eventos climáticos extremos, acrescentou a UNICEF, como a seca na região do Chifre da África e no Sahel e as grandes inundações em Bangladesh, na Índia e na África do Sul.
Em 2021, houve 7,3 milhões de novos deslocamentos de crianças como consequência de desastres naturais.
A população global de refugiados mais que duplicou na última década, com as crianças a representarem quase metade do total. Mais de um terço das crianças deslocadas vivem na África Subsaariana (3,9 milhões ou 36%), um quarto na Europa e Ásia Central (2,6 milhões ou 25%) e 13% (1,4 milhão) no Médio Oriente e Norte da África.