Dez cientistas da Fundação Champalimaud, em Lisboa, Portugal, descobriram um mecanismo que pode auxiliar no processo de regeneração das células cerebrais.
Quando alguém sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou lesões cerebrais, os danos são notórios. Geralmente, os neurónios que se perdem nunca mais se recuperam. É por esse motivo que muitas das vítimas de AVC acabam por ficar com limitações motoras e cognitivas, como paralisia, fraqueza nos músculos ou dificuldades na fala. Agora, uma equipa de dez investigadores fez uma descoberta inédita que pode mudar a vida destas pessoas.
“Descobrimos como as células estaminais neurais detectam os danos e são recrutadas para reparar o tecido. Estes resultados poderão constituir um primeiro passo no desenvolvimento de fármacos que promovam a formação de novos neurónios na sequência de uma lesão cerebral”, revelou ao Jornal de Notícias a líder do estudo, Christa Rhiner.
Para perceberem como funciona a regeneração cerebral, os cientistas utilizaram os modelos animais da mosca e do rato, uma vez que o cérebro destes animais também contêm células estaminais neurais. “Muitos sinais químicos (moléculas) e formas de comunicação intercelular são comuns aos humanos, às moscas e aos ratinhos. Portanto, é provável que aquilo que aprendemos com estes modelos animais seja relevante para perceber a fisiologia humana”, sublinha.
Um dos primeiros passos da pesquisa foi determinar quais as moléculas que estão presentes exclusivamente na área do cérebro que está danificada. Uma delas chamou a atenção de Anabel Simões, estudante de doutoramento no laboratório.
“Foi a ‘Swim’ – uma proteína de transporte que literalmente ‘nada’ pelo tecido. Ajuda moléculas que normalmente agem a nível local a espalhar-se pelo tecido. E após uma meticulosa investigação, verificámos que a ‘Swim’ é crucial para desencadear uma resposta regenerativa dos danos cerebrais”, explica.
Segundo os resultados do estudo, divulgados sexta-feira, 17 de Junho, este é um mecanismo colaborativo que faz com que os neurónios e as células da glia (células não neuronais do sistema nervoso central que suportam e nutrem os neurónios) trabalhem em conjunto “para promover a reparação do tecido”, estimulando assim o processo de regeneração das células cerebrais.