Decerto que em países em desenvolvimento, não sendo Moçambique excepção, o acesso a energia da rede pública ainda constitui um desafio dada a falta de condições tidas como garantidas na maioria dos países desenvolvidos. Logo à partida podia, portanto, parecer não fazer sentido e, até, ser inoportuno falar de poupança de energia. Mas, devido ao contexto actual que o Ocidente vive, relacionado com factores políticos e militares, financeiros e ambientais, é cada vez maior a preocupação com a energia, a nível mundial.
Por outro lado, na maioria das Pequenas e Médias Empresas (PME), os gastos com energia eléctrica correspondem a uma fatia significativa das despesas. Em termos financeiros é, por isso, crucial a adopção de um sistema de monitorização e gestão de energia e aposta em fontes de energias novas e renováveis (Biomassa, Eólica, Hídrica e Solar), com vista ao aumento da eficiência energética e à redução dos valores das facturas de electricidade nas organizações.
Em termos de standards internacionais a norma ISO 50001 fornece às organizações os requisitos para a implementação de um Sistema de Gestão de Energia (SGE).
A nível ambiental, existem quatro acções em áreas-chave ao longo da próxima década, as quais são essenciais para manter uma estabilização da temperatura média do planeta abaixo dos 1,5°C: (1) um grande impulso para a electrificação limpa, (2) foco renovado no aproveitamento de todo o potencial da eficiência energética, (3) um esforço conjunto para evitar desperdícios em operações com combustíveis fósseis e (4) um impulso para a inovação em energia limpa.
Em termos de standards internacionais a norma ISO 50001 fornece às organizações os requisitos para a implementação de um Sistema de Gestão de Energia (SGE). Esta norma é aplicável a grandes e pequenas organizações, públicas e privadas, na indústria e serviços, em todas as regiões do mundo, e pode ser implementada de forma independente ou ser integrada com outros sistemas de gestão, nomeadamente qualidade, ambiente, entre outros.
É, sem dúvida, uma ferramenta que permite às organizações realizarem um diagnóstico energético às suas instalações de modo a detectar as áreas de maior consumo energético, priorizar a implementação das melhores práticas de gestão de energia e monitorizar o seu desempenho energético ao longo do tempo.
A implementação de qualquer norma é um processo que, dentro de vários aspectos, requer planeamento e controlo, recursos, monitorização, medição e análise, sendo sempre recomendável ajuda especializada. No entanto, tal não deve significar inaptidão das organizações para a adopção de algumas boas práticas para a poupança de energia, independentemente da sua dimensão, sector e consumos. Por exemplo, num edifício administrativo, existem várias boas práticas de eficiência energética que as Organizações podem implementar, tais como:
- Apostar no processo contínuo de formação/informação, de modo a aumentar a consciencialização das suas equipas sobre a necessidade e formas de racionalização de energia;
- Usar lâmpadas LED em detrimento das restantes;
- Desligar todas as luzes, computadores e aparelhos de ar condicionado sempre que não estiverem em uso;
- Usar as definições de energia do computador que lhe permitam poupar energia;
- Desligar o monitor do computador se não o utilizar durante 15 minutos;
- Optar por equipamentos que contenham a etiqueta Energy Star;
- Utilizar a iluminação natural sempre que possível.
A nível operacional ou técnico é fundamental:
- Realizar uma auditoria energética (gap analysis da potência eléctrica instalada e consumos mensais/anuais ou áreas de desperdício);
- Seleccionar equipamentos apropriados e associar a boas práticas da sua utilização;
- Integrar soluções de energia renovável (exemplo: solar ou eólica);
- Monitorizar os consumos de energia, uma etapa fundamental para servir de referência na definição de metas e estratégias de investimento alinhadas com a transição energética (investimento em energias renováveis).
Em suma, é fundamental que as Organizações conheçam em detalhe os seus consumos, evitem desperdícios e detectem desvios para se considerar que um processo produtivo está optimizado. A instalação de um sistema de monitorização e gestão de energia conduz a poupanças consideráveis.
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