As fintech, as grandes empresas tecnológicas e as companhias de infra-estruturas financeiras já valem mais de um terço do valor do sistema financeiro global: pesam actualmente 35% do valor de mercado total, número que compara com os 10% de há uma década, escreve o jornal Negócios.
De acordo com a publicação, a conclusão é de um estudo da consultora Oliver Wyman, segundo o qual “os dados e a tecnologia impulsionam um crescimento mais rápido em serviços de capital não intensivo”, o que se reflecte na estrutura do sector: “quase um terço das 50 maiores instituições financeiras são agora empresas de dados e tecnologia.” Há uma década, apenas duas tinham esse perfil.
Do peso actual de 35%, as “big tech” (grandes empresas tecnológicas) que oferecem serviços financeiros, como a Apple ou a Google, são responsáveis por 8% e as companhias de dados e infra-estruturas financeiras FIT (acrónimo para a expressão inglesa “Financial Infrastructure and Technology”) são 27% do total.
O relatório realçou ainda que os últimos anos do mundo financeiro foram marcados pela estabilidade e resiliência das instituições, o que deixou o sistema “muito mais bem posicionado para desempenhar o papel de absorção de choques económicos, o que foi visível na resposta às consequências da pandemia, à guerra na Ucrânia, e à transição climática”.
Mas em simultâneo com a tendência de solidez e resiliência, há novas correntes fortes em movimento: “O sector dos serviços financeiros está a passar por uma mudança dramática de valor em todo o cenário”, escrevem. “O impulsionador dessa mudança de valor é a desaceleração do crescimento dos serviços de intermediação de risco intensivos em capital”, por oposição ao crescimento rápido de um número crescente de “serviços menos intensivos em capital, vinculados a dados e tecnologia”.
Enquanto os fornecedores tradicionais de intermediação cresceram globalmente ao ritmo de “cerca de 3% por ano na última década”, os “serviços de capital ‘leve’ ligados à tecnologia e dados conectados têm crescido em torno de 10%”. “Essa mudança”, continuam os especialistas, é visível “em vencedores e vencidos: um terço das maiores instituições financeiras são agora FIT”.
O aumento do peso das tecnológicas e fintech nos serviços financeiros reflecte-se em números: a Oliver Wyman fez as contas e concluiu que, desde 2011, a riqueza gerada para os accionistas do sector como um todo aumentou de cerca de 8 biliões de dólares para pouco menos de 18 biliões.