Raúl jiménez, jogador de futebol mexicano, sonhava fazer carreira como guarda-redes, mas acabou como ponta-de-lança, e é um dos melhores da actualidade do seu país e da Europa. Histórias como esta são comuns, mas o seu lado inusitado está no facto de demonstrarem que o sucesso é, muitas vezes, determinado pelas oportunidades com que as pessoas se deparam e com a forma como as encaram.
Assim foi com os irmãos Lourdes Waty (37 anos) e Teodoro Waty Jr. (32 anos) que, sonhando em tornarem-se advogados, formaram-se em Direito, mas ganham a vida como empreendedores na área de negócios verdes, mais concretamente a compostagem, tendo criado, em 2019, a empresa Zero Waste Moz.
Foi o desejo de contribuir positivamente para o crescimento das cidades, através de um empreendedorismo sustentável, de gerar postos de trabalho, bem como de contribuir para a limpeza das cidades, que os estimulou o sentido de oportunidade.
E sem sequer terem sido academicamente instruídos nesta área, encontraram resposta na compostagem – processo natural de decomposição da matéria orgânica de origem animal ou vegetal de que resulta o composto orgânico utilizado no solo para melhorar a produtividade de culturas agrícolas e na jardinagem, sem causar riscos ao meio ambiente.
Os clientes da Zero Waste Moz são maioritariamente pessoas singulares, agricultores e jardineiros profissionais e amadores. A empresa também faz consultoria e, nesse caso, os seus maiores clientes são Organizações Não Governamentais, que contratam os seus serviços para formarem comunidades urbanas e rurais em matérias de compostagem como meio de subsistência ou apoio à renda familiar.
Assim, as famílias têm a possibilidade de produzirem e venderem o composto ou ainda o usarem nas culturas agrícolas para melhorarem a qualidade e quantidade da produção.
Mensalmente, a Zero Waste Moz produz uma média de 400 kg de composto e desenvolve as suas actividades apenas na Cidade de Maputo, que consistem na recolha de resíduos orgânicos porta-a-porta das residências e dos centros de negócios
Mensalmente, a Zero Waste Moz (que, além dos dois sócios, emprega outros três trabalhadores) produz uma média de 400 kg de composto. Actualmente, desenvolve as suas actividades apenas na Cidade de Maputo, que consistem na recolha de resíduos orgânicos porta-a-porta das residências e dos centros de negócios (restaurantes, hotéis, etc.), que são já considerados clientes, estando subscritos em pacotes categorizados de fornecimento (dos grandes aos pequenos).
A compensação aos clientes obedece a diferentes modalidades que, além da oferta do próprio composto, inclui a oferta de um voucher para compras em supermercados previamente identificados (os custos são suportados pelas empresas parceiras da Zero Waste), a oferta de vasos com plantas, de ervas aromáticas, entre outros brindes. Sobre a rentabilidade preferem não ser exactos, mas garantem que o empreendimento tem mercado e é sustentável.
As actividades da empresa têm lugar num centro situado no Campus da Universidade Áquila (UNAQ), no distrito municipal da KaTembe, em Maputo. Os empreendedores revelam que gostariam de ter oportunidades de fazer trabalhos fora das cidades, divulgando a importância da compostagem para as zonas rurais e contribuírem na luta contra a fome, desemprego e degradação do solo: “estamos a negociar parcerias com várias empresas, principalmente as que querem transformar mentalidades e tornar a compostagem disponível e atractiva
para todos.
Temos a ambição de colaborar com os vários municípios do País, porque entendemos que só se todos ou a maioria de nós compostar é que melhoramos a saúde das nossas cidades”, revelou Lourdes Waty. Em 2021, a startup participou no maior concurso mundial de ideias verdes, o Climate Launchpad, facilitado pela IdeiaLab em Moçambique e ficou em segundo lugar na fase nacional, apurando-se para a fase africana. Das três startups moçambicanas apuradas para a fase africana, a Zero Waste Moz foi a única a seguir para a fase global.