Os voluntários no estudo estão livres de cancro colo-rectal há, pelo menos, dois anos e nenhum apresentou efeitos colaterais significativos até hoje.
De acordo com o jornal Expresso, o ensaio clínico liderado por investigadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, uma instituição de tratamento e pesquisa do cancro na cidade de Nova York, submeteu 18 voluntários a imunoterapia experimental, onde receberam uma dose de dostarlimab – conhecido como inibidor do checkpoint imunológico – a cada três semanas, durante seis meses. Este medicamento permite ao sistema imunitário identificar e destruir as células cancerígenas.
O dostarlimab é um anticorpo monoclonal, também conhecido como Jemperli, uma marca da farmacêutica GlaxoSmithKline, que participou na investigação. Foi aprovado para uso médico nos Estados Unidos e na União Europeia em Abril de 2021, e cada dose custa mais de 10 mil euros (cerca de 683 mil meticais). É frequentemente utilizado para o tratamento do cancro do endométrio.
Em média, um em cada cinco doentes que tomam dostarlimab sofre efeitos secundários. Mas nenhuma destas 18 pessoas sentiu efeitos adversos significativos e não houve necessidade de intervenções adicionais – os participantes neste estudo esperavam fazer quimioterapia, radioterapia ou serem, mais tarde, submetidos a uma intervenção cirúrgica.
“Creio que é a primeira vez que acontece na história do cancro”, sublinha Luis Diaz Jr., um dos autores do artigo científico publicado no “New England Journal of Medicine”. Alan P. Venook, especialista em cancro colo-rectal da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que não participou neste estudo, também considera que se trata de algo inédito.
Os resultados fornecem “o que pode ser um vislumbre inicial de uma mudança revolucionária no tratamento” escreveu Hanna Sanoff, oncologista do Lineberger Comprehensive Cancer Center da Universidade da Carolina do Norte, que também não participou na investigação. Porém, ainda não se sabe até que ponto os resultados “serão abrangentes para uma população mais ampla de doentes com cancro colo-rectal” nem se os pacientes do estudo estão efectivamente curados.