Os bancos europeus continuaram a reportar baixos níveis de custo de risco (CdR, na sigla inglesa CoR) de crédito no primeiro trimestre deste ano, ainda assim registou-se uma leve subida do risco face ao período homólogo. A DBRS Morningstar alerta que nos próximos meses tanto a inflação como a incerteza em torno do desempenho das economias pode fazer subir este rácio.
Um relatório da agência de notação financeira canadiana, a que o Negócios teve acesso, dá conta que os “níveis dos custos de risco da maioria dos bancos no primeiro trimestre de 2022 eram semelhantes ou inferiores aos do mesmo período de 2019”. Durante este período o rácio fixou-se em 33 pontos base, em linha com os 35 p.b. de 2019, mas significativamente abaixo dos 76 pontos base contemplados no primeiro trimestre de 2020, quando os bancos fizeram provisões significativas devido à pandemia de covid-19.
Para Maria Rivas, vice-diretora da equipa das Instituições Financeiras da DBRS, “as pressões inflacionistas, as questões das cadeias de abastecimento e as consequências do conflito entre Rússia e Ucrânia tiverem um impacto reduzido no CoR dos bancos europeus nos primeiros três meses do ano, à exceção de algumas instituições mais expostas ativos russos”.
O documento argumenta que “o baixo custo de risco dos bancos europeus no primeiro trimestre pode ser explicado por uma combinação de fatores, incluindo o facto de não terem sido atualizados os modelos de crédito durante este período, para refletir a incerteza em torno do futuro da economia e o facto de a maioria dos bancos permanecer cautelosa”.
No entanto, Maria Rivas deixa um alerta: “espero que o [risco de custo de crédito] se deteriore nos próximos trimestres à medida que começamos a ver o impacto negativo da pressão inflacionista, a incerteza económica e as questões da cadeia de abastecimento a pressionar a qualidade dos activos dos bancos”.
Entre os 31 bancos analisados, as instituições italianas e espanholas apresentam as médias mais altas, embora semelhantes a 2019. No caso da Itália e dos Países Baixos (que ocupam a terceira posição), “o elevado CoR é explicado pelas constituições de provisões destinadas a cobrir exposições a ativos russos, por parte do Unicredit e Intesa em Roma e ING em Amesterdão”.