Se, por um lado, um kwanza mais forte favorece o quadro macroeconómico do país, por outro, do ponto de vista da economia nacional, pode ser negativo já que condiciona os esforços desenvolvidos para aumentar a produção angolana e diminuir as importações, porque comprar bens de consumo lá fora fica mais barato.
Ao reduzir o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 22% para 19%, o Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) pretende travar a apreciação do kwanza iniciada em 2021, já que a moeda nacional estará, nesta altura, sobrevalorizada, admitem vários especialistas consultados pelo Expansão.
Esta redução dos níveis de imobilização financeira é só o início já que, segundo o comunicado do banco central sobre a reunião do CPM que decorreu esta terça-feira, 31 de Maio, em Julho serão cortados mais dois pontos percentuais, com o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional.
Desta forma, regressam aos 17%, que eram os níveis de 2019 até que em Outubro desse ano o BNA o [coeficiente] alterou para 22%, para “secar” a liquidez dos bancos de forma a “controlar” um eventual descalabro no valor do kwanza, que na altura estava numa fase de forte desvalorização face às principais moedas estrangeiras, fruto da liberalização cambial iniciada em 2018.
Para o economista Wilson Chimoco, há várias razões que explicam esta intervenção do BNA no sentido de libertar mais liquidez, como o facto de a instituição pretender “evitar uma sobrevalorização do kwanza que possa ser sustentada por uma questão temporária que é a alta dos preços do petróleo nos mercados internacionais”. Já o administrador de um banco consultado pelo Expansão considera que faz “sentido” a redução dos níveis de imobilização financeira da banca.
“As reservas obrigatórias são o pior instrumento da política monetária, tanto que nem sequer existe nos países mais desenvolvidos. E a tendência em Angola será acabar com elas”. Esta fonte admite que se esta “redução provocar excesso de liquidez, o BNA responde com mais venda de títulos à banca”.