A presidente do Conselho da Federação (Senado) russa, Valentina Matviyenko, classificou nesta terça-feira, 31 de Maio, Moçambique como um “parceiro confiável”, lembrando o apoio da Rússia em “todas as etapas” que o país africano atravessou.
“Para a Rússia, Moçambique é um parceiro confiável”, declarou Valentina Matviyenko, momentos após a assinatura de um acordo que visa ampliar a cooperação entre os parlamentos russo e moçambicano, no âmbito de uma visita de trabalho de dois dias a Maputo.
Valentina Matvienko, a terceira figura do Estado russo, destacou ainda as relações históricas que existem entre os dois países, salientando a ajuda de Moscovo em “todas as etapas que Moçambique atravessou”, desde o apoio na luta de libertação contra o regime colonial português até à formação de quadros moçambicanos na Rússia.
“O nosso país apoiava Moçambique na sua luta pela independência e, em todas as etapas, a Rússia deu assistência a Moçambique nos domínios social e económico. A Rússia sempre deu ombro a Moçambique nos momentos mais complexos da sua História”, frisou Valentina Matviyenko, durante uma conferência de imprensa, na qual não foi abordada a invasão russa à Ucrânia, havendo espaço, apenas, para duas perguntas, uma para a imprensa russa e outra para a moçambicana.
“Nós sentimos que os nossos parceiros moçambicanos têmtambém a intenção de desenvolver uma parceria com a Rússia”, acrescentou Valentina Matviyenko.
A visita da dirigente russa a Moçambique resulta de um convite feito em Outubro pela presidente do parlamento moçambicano, Esperança Bias.
“A sua presença é o reflexo da cooperação, amizade e respeito mútuo entre os nossos países. As nossas relações remontam ao tempo da luta armada e essas relações permanecem”, frisou a presidente do parlamento moçambicano.
O acordo assinado pelas duas líderes visa reforçar a cooperação entre os dois parlamentos, incidindo na troca de experiências e partilha de informações.
Matviyenko é uma das personalidades russas submetidas a sanções pelos Estados Unidos da América e União Europeia (bens congelados e sem direito a visto) desde 2014 devido ao seu papel na anexação da região ucraniana da Crimeia pela Rússia.
Moçambique foi um dos 38 países que se absteve na votação da Assembleia-Geral das Nações Unidas, onde uma esmagadora maioria aprovou uma resolução responsabilizando a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra.
Dos 193 Estados-membros das Nações Unidas, a resolução, apresentada pela França e pelo México e apoiada pela Ucrânia, obteve 140 votos a favor, cinco contra e 38 abstenções, num grupo que integra, além de Moçambique, Angola e Guiné-Bissau.
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a Independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.
A Rússia lançou, em 24 de Fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU (que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior).
A guerra causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.