Denis Sverdlov, fundador e CEO da empresa de veículos eléctricos Arrival, que tinha uma fortuna de 11,7 mil milhões de dólares há um ano, perdeu o estatuto de multimilionário no mês passado, devido à desvalorização das ações da fabricante de elétricos que fundou através de uma SPAC, operação também conhecida como “cheque em branco”.
O recuo de 94% desta fortuna é o maior tombo para alguém fora da China que tenha figurado no índice de multimilionários da Bloomberg no ano passado, excedendo até a queda de 90% da fortuna de Ernie Garcia III, da Carvana.
Apenas a fortuna dos magnatas ligados à educação, Zhang Bangxin e Larry Chen, que perderam 96% e 99% das suas fortunas, respetivamente, devido ao intenso escrutínio de Pequim à indústria da educação, registaram perdas maiores do que Sverdlov.
O colapso da fortuna de Sverdlov serve como um alerta para como as SPAC – uma operação financeira em que uma companhia se funde com outra cotada para entrar em bolsa, que tem crescido nos últimos anos – podem passar de um meio de criação de riqueza para um meio de destruição.
Até alguns bancos que ajudaram a criar o mercado de SPAC estão agora a rejeitar este mercado, devido a preocupações com os riscos. O Goldman Sachs e o Bank of America reduziram o envolvimento neste tipo de negócio.
As SPAC, vistas outrora como um nicho de mercado que auxiliava empresas a entrar em bolsa contornando os habituais requisitos associados às IPO (oferta pública inicial), têm atraído todo o tipo de investidores e até celebridades e atletas.
Este ano, até meados deste mês, 66 SPAC arrecadaram apenas 11,5 mil milhões de dólares nos índices norte-americanos, comparado com as 317 que até este ponto do ano em 2021 já tinham chegado aos 102 mil milhões de dólares, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
“A Arrival está a lidar com a aura negativa das empresas SPAC”, comenta Susan Beardslee, analista principal da ABI Research.
Um porta-voz da Arrival não comentou à Bloomberg este tema. A juntar aos problemas de Sverdlov está ainda um empréstimo que fez no ano passado com o Citigroup, com 1,5 mil milhões de dólares de ações da Arrival.
Em Abril, uma empresa controlada pelo antigo multimilionário concedeu ao banco cerca de 5% das ações em troca de 79 milhões de dólares, que usou para pagar o empréstimo.
Um ex-vice-ministro russo, Sverdlov, 43, fundou a empresa com sede no Reino Unido em 2015 com dinheiro de uma fortuna anterior, feita na área das telecomunicações. Em 2020 investiu 450 milhões de dólares na Arrival e, no ano seguinte, entrou em bolsa após a fusão com o CIIG Merger Corp., uma SPAC liderado por Peter Cuneo, ex-CEO da Marvel Entertainment.
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