O ministro das Minas e Hidrocarbonetos da Guiné-Equatorial disse esta segunda-feira, 16 de Maio, que o conflito na Ucrânia pôs fim ao ataque contra os combustíveis fósseis, porque a comunidade internacional voltou a virar-se para África em busca de petróleo e gás.
Gabriel Obiang Lima falava em Luanda num debate sobre a indústria global de petróleo e gás e as oportunidades e desafios que coloca aos produtores africanos. Participaram também no evento os seus congéneres da República Democrática do Congo, Congo e Líbia, bem como Angola, país anfitrião.
Os combustíveis fósseis têm estado a ser atacados, criticou o governante, salientando que “são bons para África” e que os países africanos querem continuar a desenvolver estes recursos, saudando o facto de os ministros africanos deste sector estarem a falar “a uma só voz”.
Gabriel Lima salientou que as prioridades de outros continentes não são necessariamente as de Africa, e que a transição energética não é igual em todos os países, tal como os problemas. “Cada um tem a sua definição dos problemas e do que é transição energética”, realçou, durante a intervenção que foi entusiasticamente aplaudida em vários momentos.
“Queriam que acabássemos com os combustíveis fósseis, porque era mau para o mundo. Nós dissemos que não, não vamos fazer isso. Somos os menos responsáveis pela poluição do mundo, como podem pedir-nos que abandonemos o recurso que permitiu desenvolver os nossos países?”, perguntou.
Assinalou que, em 2021, “durante a pandemia, quando ninguém podia viajar”, houve um ataque sem precedentes contra os combustíveis fósseis, situação que se inverteu depois do eclodir do conflito na Ucrânia.
Um “ataque sistemático” que acabou em Fevereiro “porque houve um conflito num local muito longe que nem vou dizer o nome”, continuou Gabriel Lima. Desde então, enfatizou, “já não somos odiados, porque querem mais petróleo, mais gás, e o covid desapareceu. Agora dizem aos africanos: produzam mais gás, precisamos do vosso petróleo e do vosso gás”.
Gabriel Lima afirmou que os ministros africanos têm dado passos importantes, criando as suas próprias organizações de produtores e decidiram também criar um banco para financiar os seus projectos.
“Primeiro pensamos nas prioridades de África, depois vamos pensar nas dos outros países”, disse o ministro, incentivando à partilha de tecnologias e conhecimentos e à criação de infra-estruturas próprias.
Na mesma linha de pensamento, o ministro dos Hidrocarbonetos do Congo, Bruno Richard Itoua, da República do Congo, afirmou que os países produtores não devem ser os “bodes expiatórios” da transição energética, já que todos — produtores e consumidores — devem contribuir para a redução das emissões.
Destacou ainda que o petróleo e gás continuam a ser o motor da diversificação das economias e da melhoria de vida das populações africanas, pelo que estes países não devem renunciar ao seu desenvolvimento. Para o ministro da Líbia, Mohamed Olin, compete aos africanos decidir o seu futuro. “Não estamos contra ninguém na comunidade internacional, mas temos as nossas especificidades, os nossos problemas, as nossas circunstâncias”, sublinhou, dizendo que antes de se falar de transição energética é preciso falar de igualdade no acesso à energia.
A 8.ª edição do Congresso e Exposição de Petróleo Africano (CAPE VIII, na sigla inglesa), decorre entre 16 e 19 de Maio na capital angolana. “Transição Energética, Desafios e Oportunidades na Indústria Africana de Petróleo e Gás” é o lema desta CAPE VIII, que congrega em Luanda, os 15 membros da Organização Africana dos Países Produtores de Petróleo (APPO, na sigla inglesa) e mais cinco países observadores.