O Embaixador da União Europeia (UE) em Moçambique disse que o gás moçambicano “está a ganhar cada vez mais importância” no mercado europeu. Segundo António Sánchez-Benedito, a relevância dos hidrocarbonetos moçambicanos encontra justificação num contexto em que a Europa manifestou o desejo de reduzir a dependência do gás russo.
O representante da UE em Moçambique acrescentou que o país tem “enorme potencial para a geração e fornecimento de energia limpa no contexto da mudança da procura de combustíveis fósseis para fontes mais limpas” e garantiu ainda que a União Europeia continuará a apoiar Moçambique com vista a maximizar este potencial.”
“A decisão de usar gás como combustível de transição é também uma oportunidade importante para a produção e venda deste produto moçambicano, sector no qual os empresários europeus estão bem representados”, disse esta quinta-feira, em Maputo, numa mesa-redonda sobre a relação económica UE-Moçambique, que “discutiu oportunidades para o sector privado numa sociedade em transição ecológica e digital.”
Ainda no evento, o diplomata afirmou que o programa de cooperação UE-Moçambique “prevê financiar, nos primeiros quatro anos da sua implementação (2021-2024), 200 milhões de euros na área do crescimento verde e digital.”
Estas acções visam a protecção do capital natural e dos ecossistemas, a transformação ecológica dos sectores de agricultura, silvicultura e pesca, a construção de infra-estruturas resilientes, com foco especial nas energias renováveis, água e saneamento e transporte, e ainda a transformação digital para um crescimento inclusivo.
“Para assegurarmos que Moçambique atraia uma parte significativa destes investimentos em infra-estruturas de qualidade precisamos de um ambiente de negócios e de investimentos propícios, incluindo um quadro legislativo claro e transparente, bem como a normalização dos produtos, serviços e actividades”, avança.
O sector público, segundo Sánchez-Benedito, tem a este respeito “um papel importante para que as empresas possam alavancar novos instrumentos financeiros emergentes no contexto do Pacto Ecológico com vista a criar empregos, actualizar capacidades profissionais e adoptar tecnologia e investimentos em investigação e inovação locais.”
“Moçambique poderia explorar, por exemplo, novas oportunidades económicas para realocar partes da cadeia de valor da economia circular, utilizando investimentos europeus”, frisou.
Por seu turno, o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, disse que a relevância da realização desta mesa-redonda gera e consolida uma expectativa para o fortalecimento da cooperação através de parcerias de ganhos equilibrados, face às oportunidades que se impõem ao desenvolvimento e integração da economia circular