Mesmo após cinco semanas de quedas acentuadas, os índices norte-americanos averbam esta semana mais uns dias de correcção acentuada, no seguimento dos dados da inflação desta terça-feira, 11 de Maio, que saíram acima do esperado, reforçando a possibilidade da Reserva Federal (Fed) continuar com um ritmo muito acelerado de normalização da política monetária. Tal não inclui uma subida de 0,75%, descartada, para já, pelo mercado, mas pode incluir um novo aumento dos juros de 0,5% em Setembro, depois da subida dupla do mesmo montante nas próximas duas reuniões.
Esta é, pelo menos, a previsão do mercado nesta fase, não apenas por causa dos números da inflação retratados no CPI, que subiram para 8,3% contra os 8,1% antecipados, mas também porque o presidente do Fed Bank de Atlanta, Raphael Bostic, indicou que existe abertura para mais agressividade na subida dos juros, caso o custo de vida se mantenha em valores muito elevados.
Para além do valor geral, ainda mais relevante foi o dado do “core” CPI, que exclui os sectores mais voláteis, como alimentação e energia, subindo 0,4% no mês e batendo, assim, em dobro as estimativas para aquele que é o indicador mais significativo para os membros do Banco Central.
Este tema da inflação é de importância suprema, não apenas para o mercado, dadas as implicações para as avaliações dos investidores, em virtude do menor crescimento de lucros e de uma vertente de rendimento fixo que não existia até há poucos meses, mas também para o futuro do campo político nos EUA, tendo obrigado o Presidente Joe Biden a falar sobre o assunto esta semana, referindo que a culpa é da pandemia e da “guerra de Putin”.
Esta situação ocorre numa altura em que os níveis de aprovação de Biden são muito baixos e os EUA estão a poucos meses das eleições intercalares para o Congresso, elevando o risco dos Democratas perderem a maioria tangencial que detêm neste momento. Ou seja, são tempos de instabilidade, que favorecem os ursos, depois de anos enfiados nas suas tocas, dominados por uma avalanche de liquidez que inundou o mercado de tolerância desmedida nas avaliações dos rácios das empresas. Este cenário terminou e criou um movimento colossal de correcção da análise de risco nos portefólios, o que tem favorecido, e deverá favorecer por mais algum tempo, o mar vermelho que tem assolado Wall Street e que terminou ontem a ceder entre os -1% do Dow Jones e os 3,18% do Nasdaq.
Nas matérias-primas, o WTI crude voltou a demonstrar força, valorizando 5,4% para os $105,12 por barril, não obstante as notícias sobre um arrefecimento da actividade económica na China, devido aos confinamentos impostos.
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