As autoridades chinesas puseram 26 milhões de pessoas em quarentena em Xangai, nesta terça-feira, depois de terem registado mais de 13 mil testes positivos à covid-19, no meio de uma crescente contestação pública sobre as regras de quarentena.
Toda a cidade está agora em confinamento depois de as restrições nos distritos ocidentais terem sido estendidas até novo aviso, no que se tornou um grande teste à estratégia de tolerância zero da China para eliminar o novo coronavírus.
Pelo menos 38.000 funcionários foram enviados para Xangai de outras regiões no que os media estatais descreveram como a maior operação médica nacional desde o lockdown em Wuhan, no início de 2020, após o primeiro surto conhecido de coronavírus.
Xangai impôs duras restrições na semana passada, enquanto as autoridades lutavam para conter o que se tornou o maior surto de covid-19 da cidade. “Actualmente, a prevenção e o controlo da epidemia de Xangai estão no momento mais difícil e crítico”, disse Wu Qianyu, funcionário da comissão municipal de saúde, esta terça-feira, 5 de Abril.
A política de quarentena da cidade foi criticada por separar as crianças dos pais e por colocar os casos assintomáticos entre aqueles com sintomas. Alguns especialistas em saúde pública dizem que não é uma estratégia eficaz.
“Não acho que seja uma boa ideia, já que, mais de 24 meses após a pandemia, sabemos muito mais”, disse Jaya Dantas, professora de saúde internacional da Curtin University, na Austrália, acrescentando que as estratégias “intensivas em recursos” da China para combate à covid-19 precisam de ser revistas.
Sun Chunlan, vice-primeiro-ministro da China responsável pela prevenção da pandemia, instou as organizações de base do Partido a “fazer todo o possível” para ajudar os moradores a resolver seus problemas, como garantir o acesso a medicamentos, alimentos, água e outros bens primários.
Xangai registou um novo máximo de 13 086 novos casos assintomáticos de coronavírus a 4 de Abril, disseram autoridades no seu canal WeChat, acima dos 8 581 do dia anterior, depois de um programa de testes em toda a cidade ter testado mais de 25 milhões de pessoas em 24 horas.
A proporção de casos assintomáticos é muito maior em Xangai do que no resto do mundo, dado este que foi atribuído a um processo de triagem que detecta pessoas infectadas antes que fiquem doentes. No entanto, especialistas dizem que isso não explica o porquê dos casos sintomáticos terem caído na segunda-feira para 268, perante os 425 do dia anterior.
Analistas fora da China continuam a alertar sobre os custos económicos da campanha para conter infecções.