A economia moçambicana poderá ressentir-se do impacto negativo em consequência do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia. Economistas nacionais, especialmente pelas dificuldades que poderão advir na aquisição de certos bens no mercado internacional, designadamente grão de trigo, milho, fertilizantes e combustível.
De acordo com o “Jornal Domingo”, são vários os economistas e empresários que são unânimes em depositar a confiança no Banco de Moçambique (BM) na adopção de políticas financeiras para mitigar, no mercado interno, os efeitos que poderão advir da subida do preço de produtos como trigo, milho e combustíveis.
Para o presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), Agostinho Vuma, os efeitos imediatos do conflito entre a Rússia e Ucrânia serão de subida do preço de algumas commodities à escala mundial.
Na analise de Vuma, a Rússia e a Ucrânia contribuem no comércio mundial com cerca de 30 por cento da comercialização de trigo e 19, 5 de milho, e Moçambique gasta anualmente cerca de 200 milhões de dólares na aquisição de trigo, a principal matéria-prima para a produção de pão.
“Por isso, espera-se um impacto negativo no desempenho económico doméstico. Mas acredito que, se a situação do conflito continuar a ameaçar a economia do país, o Banco de Moçambique irá, sem dúvida, adoptar medidas arrojadas para evitar o caos”, cita o Jornal Domingo.
Por sua vez, o economista António Tivane diz que “pelo facto de Moçambique não ter capacidade de armazenagem de produtos como grão de trigo e combustível, fica vulnerável a qualquer situação que acontece nos principais mercados internacionais”. Segundo ele, “o recrudescimento do conflito vai trazer várias implicações no mercado cambial, financeiro e no fornecimento de bens e serviços.”
“Se tivéssemos a nossa agricultura organizada teríamos matéria-prima, por exemplo, para produção de pão usando farinha de mandioca. Repare que todos os bens que serão inflacionados em consequência dos ataques no leste europeu somos capazes de produzi-los, mas”, explicou.
Como se sabe, a Rússia e a Ucrânia estão entre os sete maiores produtores mundiais de cereais e juntas são responsáveis por 210 milhões de toneladas do grão de trigo exportados em todo o mundo, o que equivale a cerca de 30 por cento das exportações.