A consultora Oxford Economics Africa considerou esta quinta-feira que o Banco de Moçambique vai aumentar a taxa directora de juros em 75 pontos percentuais, para 14%, este ano, impulsionado pelas condições globais de crédito e subida da inflação.
“Dado que recentemente aumentámos a nossa previsão para a inflação em Moçambique de forma significativa, de 5,4%, para 7,3%, e considerando a previsível política monetária mais restritiva este ano, antevemos que o banco central de Moçambique vá aumentar a taxa de juro directora em 75 pontos, para 14%, em 2022”, lê-se num comentário sobre política monetária moçambicana.
Na semana passada, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 13,25%.
“Esta decisão é sustentada pela ligeira melhoria das perspectivas de inflação doméstica no curto e médio prazo, não obstante o agravamento dos riscos e incertezas”, justificou o banco central, em comunicado, apresentando como principais riscos a pressão fiscal, choques climáticos no país e aumento dos preços do petróleo e dos bens alimentares no mercado internacional.
“O banco central manteve uma taxa de juros excecionalmente alta para equilibrar os riscos elevados à inflação e o ambiente de investimento desanimador”, escrevem os analistas na nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.
O Banco de Moçambique prevê “uma menor aceleração da inflação”, reflexo de “estabilidade do metical, não obstante as perspetivas de aumento dos preços dos bens alimentares e do petróleo no mercado internacional”, referiu a nota do banco, que surge depois da inflação de 6,7% registada no ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Mantêm-se também “as perspectivas de melhoria da atividade económica em 2022”, graças “ao relaxamento das medidas de contenção da propagação do covid-19, à execução dos projectos de gás natural na bacia do Rovuma e da maior dinâmica do sector externo”.
Tal como em comunicados anteriores, o banco central alerta para a necessidade “de reformas estruturantes na economia” e refere que “a dívida pública interna aumentou”.
Em Dezembro de 2021, a dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, “aumentou em 2,4 mil milhões para 220,6 mil milhões de meticais”.
A próxima reunião ordinária do CPMO está agendada para 30 de Março.