A Câmara Africana de Energia (CAE) elogiou esta segunda-feira a intenção da União Europeia de considerar a produção de gás natural como uma fonte de energia verde, o que beneficia os produtores africanos, nomeadamente Moçambique.
“A defesa que África faz para uma transição energética justa e inclusiva foi respondida através da proposta histórica da União Europeia de considerar o gás natural como uma fonte de energia verde”, lê-se num comunicado enviado à Lusa, no qual a CAE elogia a Europa pela iniciativa e diz esperar que os Estados Unidos da América sigam pelo mesmo caminho.
“Historicamente, África sempre lutou pelo desenvolvimento sustentável, mas para isso o continente precisa de se industrializar primeiro, e tem de ter as mesmas oportunidades que a Europa e os outros países ocidentais”, acrescenta-se na nota, assinada pelo presidente da CAE, NJ Ayuk.
Moçambique está prestes a tornar-se um dos maiores produtores mundiais de gás natural, na sequência dos investimentos feitos pelas companhias energéticas nos últimos anos na província nortenha de Cabo Delgado, ainda que o terrorismo na região tenha abrandado os investimentos previstos.
“A ideia de o gás natural servir como uma fonte transitória de energia tem sido promovida pelas nações africanas há muito tempo e, por isso, a CAE elogia a proposta europeia como um desenvolvimento histórico que justifica uma perspetiva de evolução positiva para uma transição energética inclusiva”, salienta-se na nota.
“Tivemos os nossos desentendimentos com os nossos amigos europeus, mas sempre tem havido um diálogo construtivo e de bastidores com os decisores políticos europeus”, referiu NJ Ayuk, acrescentando que estas discussões foram “críticas para partilharmos o mesmo ponto de vista no gás natural liquefeito, um combustível de baixo carbono”.
Para o líder desta estrutura que defende os investimentos estrangeiros em África no sector energético, “a demonização da indústria do petróleo e gás africana tem de parar, e os investimentos precisam de fluir para este sector”.
As companhias energéticas internacionais, defendeu, têm de focar os seus investimentos na redução das emissões de carbono dentro da cadeia de valor do gás e apostar neste combustível como o preferido para garantir a industrialização de África e, ao mesmo tempo, a consciência ambiental.
“África enfrenta desafios únicos e tem de ter tempo para fazer a sua transição energética de acordo com as suas necessidades”, concluiu.
A Comissão Europeia apresentou aos 27 Estados-membros do bloco comunitário no final do ano passado um projecto de rotulagem verde (sustentável) de centrais nucleares e a gás para facilitar o financiamento de instalações que contribuam no combate às alterações climáticas.
O documento estabelece os critérios que permitem classificar como “sustentáveis” os investimentos em centrais nucleares ou a gás para a produção de electricidade, com o objectivo de orientar as “finanças verdes” para actividades que contribuam para a redução dos gases com efeito de estufa.