Se lhe dissessem que 2021, com tudo o que aconteceu, da pandemia à conturbada eleição norte-americana, passando pelas revoltas populares contra a vacinação ou os titubeantes acordos do COP-26, foi um dos mais rentáveis de sempre para as empresas e para os mercados, acreditaria? Mas é verdade. Este ano, o mercado andou a um ritmo frenético, impulsionado pelos apoios dos bancos centrais, que levaram a uma recuperação económica pós-pandemia mais rápida do que o previsto.
E o ano que está prestes a acabar promete mesmo ser um dos melhores anos de sempre para as empresas cotadas nos principais mercados de capitais. De acordo com as contas do Financial Times, no total encaixaram, em 2021, 12,1 biliões de dólares entre venda de acções, emissões de dívida ou avançando para novos empréstimos.
O valor está 17% acima do de 2020 – que já tinha sido um ano histórico – e representa ainda uma subida de 25% em relação a 2019, antes da crise pandémica. As negociações nos Estados Unidos representam a maior fatia, onde se angariaram 5 biliões de dólares.
As entradas em bolsa da Rivian e também da sul-coreana Coupang agitaram os mercados, com a fabricante de carros eléctricos a avançar quase 30% nos primeiros 35 dias de negociação de acções e estando actualmente a valer 87,2 mil milhões de dólares, tendo chegado ao pódio das empresas automóveis, atrás apenas da Tesla e da Toyota. Quanto à plataforma online Coupang, é já vista pelos investidores como a próxima Amazon.
Mas houve outros negócios a fazer subir os números, como a fusão da Discovery com a WarnerMedia da AT&T ou a aquisição da rival Kansas City Southern pela operadora ferroviária de carga Canadian Pacific.
“Tem sido realmente um ano blockbuster”, afirmou ao Financial Times Chris Blum, do BNP Paribas. “Prevemos que o ritmo se mantenha no próximo ano. Todos os anos, achamos que os mercados vão abrandar, mas ainda assim mantêm-se robustos”.
A justificar os valores elevados deste ano, a publicação apresenta os estímulos dos bancos centrais que provocaram uma recuperação económica mais rápida do que o previsto.