Vários líderes mundiais, incluindo o Presidente da República, Filipe Nyusi, e de movimentos políticos lamentaram a morte do arcebispo sul-africano Desmond Mpilo Tutu, lembrando a sua jornada de luta em defesa da liberdade dos povos e dos direitos humanos.
Na sua mensagem de condolências ao povo sul-africano partilhada no Facebook, Filipe Nyusi diz que o Arcebispo emérito foi um defensor dos direitos dos oprimidos e da reconciliação entre os sul-africanos, “um humano extraordinário, que dedicou a sua vida a lutar contra o regime segregacionista do Apartheid, através de denúncias a nível mundial”.
Numa nota publicada na rede social Twitter, o primeiro-ministro britânico manifestou-se “profundamente entristecido” com a notícia, destacando a sua “liderança espiritual” e o seu “bom humor irrepreensível”. Na mesma publicação, também Boris Johnson relembra o prémio Nobel da Paz como “uma figura central na luta contra o ‘apartheid’ e na luta pela criação de uma nova África do Sul”.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, prestou igualmente homenagem ao arcebispo, falecido ontem aos 90 anos na Cidade do Cabo, sublinhando que o seu combate pelo fim do ‘apartheid’ e a reconciliação sul-africana ficará na memória de todos. Também através do Twitter, o chefe de Estado lembrou Desmond Tutu como alguém que “dedicou a sua vida aos direitos humanos e à igualdade dos povos”, juntando a sua voz ao coro de homenagens ao arcebispo anglicano.
Já o presidente do Conselho Europeu, que representa os 27 países da União Europeia, Charles Michel, prestou homenagem ao “homem que dedicou a sua vida à liberdade, com um compromisso profundo com a dignidade humana. Um gigante que se levantou contra o ‘apartheid'”.
As homenagens prosseguiram pelo mundo fora, com vários líderes de movimentos políticos, activistas e ex-dirigentes a lamentarem a morte do Nobel da Paz, como o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, que lembrou Desmond Tutu como “um dos símbolos da luta contra a injustiça”.
“Apelamos a todos os povos livres e a todos os que amam a Palestina para seguir as suas pisadas, apoiar e erguer-se pelo povo palestiniano, defender as suas justas causas e expor os crimes da ocupação [por Israel]”, disse o porta-voz do movimento da resistência palestiniana.
No Quénia, o antigo primeira-ministro e líder da oposição, Raila Odinga, considerou que a morte de Tutu “encerra um importante capítulo na longa e dolorosa luta pela justiça em África”.
A directora-executiva da Amnistia Internacional na África do Sul, Shenilla Mohamed, lembrou que o arcebispo “nunca teve medo de denunciar quem violava os direitos humanos, fossem eles quem fossem”, pedindo que o seu legado “seja honrado com a continuação do seu trabalho”.
A notícia da morte de Desmond Tutu, arcebispo emérito sul-africano e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1984 pelo seu activismo contra o regime de segregação racista do Apartheid, este domingo, foi transmitida pelo Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
O arcebispo anglicano estava debilitado há vários meses, durante os quais não falou em público, mas ainda cumprimentava os jornalistas que acompanhavam cada uma das suas saídas recentes, como quando foi tomar a sua vacina contra o covid-19 num hospital ou quando celebrou os seus 90 anos em Outubro.
Desmond Tutu ganhou notoriedade durante as piores horas do regime racista na África do Sul, quando organizava marchas pacíficas contra a segregação, enquanto sacerdote, pedindo sanções internacionais contra o regime branco em Pretória.
Depois do combate ao Apartheid, Tutu empenhou-se na reconciliação do seu país e na defesa dos direitos humanos. Contra a hierarquia da igreja anglicana, defendeu os homossexuais e o direito ao aborto, tendo, nos últimos anos, aberto como nova frente de combate o direito ao suicídio assistido.