O Banco Mundial aprovou esta terça-feira uma subvenção de 300 milhões de dólares da Associação Internacional para o Desenvolvimento (IDA) que irá apoiar os esforços do Governo de Moçambique no sentido de aumentar o acesso à energia e aos serviços de banda larga, bem como para reforçar o desempenho operacional da Electricidade de Moçambique (EDM), lê-se num comunicado publicado no site da instituição.
“A economia de Moçambique pode beneficiar do aproveitamento sistemático das sinergias da energia e da conectividade digital em áreas rurais e frágeis para aumentar a produtividade económica, promover o crescimento inclusivo e construir resiliência de forma sustentável”, disse Idah Z. Pswarayi-Riddihough, directora do Banco Mundial para a África Oriental e Austral (Moçambique, Madagáscar, Comores, Maurícias e Seicheles).
O acesso à energia continua baixo em Moçambique, com disparidades rurais-urbanas significativas. Calcula-se que a taxa de acesso à electricidade nas áreas rurais ronde os 8%, contra 72% nas zonas urbanas. Apenas 4% da população em Moçambique têm acesso a soluções culinárias limpas. Da mesma forma, o acesso aos serviços de telecomunicações é limitado, com apenas 30% da população a utilizarem a Internet.
“Iremos concentrar-nos no fornecimento de energia aos pobres, aos deslocados por conflitos e aos serviços sociais críticos, tais como escolas e hospitais, onde a participação do sector privado é limitada. Este financiamento também ajudará as empresas locais a colmatar as lacunas do mercado e da capacidade e a crescer como parceiros fiáveis no fornecimento de serviços de energia e comunicação”, disse Samuel Oguah, especialista sénior em energia e o co-líder da equipa de trabalho do projecto.
O financiamento do projecto será utilizado para expandir a electrificação da rede periurbana e rural para mais de 3% da população do país (1,1 milhões de beneficiários), expandir o acesso à electricidade fora da rede e soluções de cozinha limpas através de uma maior disponibilidade e acessibilidade de preços, com especial incidência nas áreas mal servidas das províncias do Norte, assim como expandir o acesso à banda larga para, pelo menos, 580.000 pessoas, apoiando, assim, os esforços para melhorar a prestação de serviços e colmatar a clivagem digital.
Parte dos fundos será também utilizada para melhorar o desempenho operacional da EDM. O projecto alavanca investimentos do sector privado e assenta nas intervenções dos padrões de desenvolvimento, particularmente em soluções de energia limpa.
“Outra área do nosso foco é a utilização produtiva da electricidade, particularmente na agricultura”, acrescentou Claudio Buque, especialista sénior em energia e também co-líder da equipa de trabalho do projecto. “Ao investir em soluções de cozinha limpa, contribuiremos para reduzir os riscos para a saúde de mulheres e crianças, particularmente os associados à cozinha tradicional”, fundamentou.
“O acesso à energia e às tecnologias de informação e comunicação (TIC) anda cada vez mais de mãos dadas – a electricidade é necessária para alimentar dispositivos e redes digitais, enquanto as comunicações móveis e os pagamentos podem desbloquear novos modelos de negócio para a implantação de sistemas solares domésticos de baixo custo”, acrescentou Casey Torgusson, especialista sénior em desenvolvimento digital, que co-lidera igualmente a equipa de trabalho do projecto.
“Ao adoptar uma abordagem coordenada na implantação de energia e TIC, este projecto tem um potencial significativo para melhorar o acesso à energia e aos serviços de banda larga nas zonas rurais, criando uma maior ligação social e económica e oportunidades em comunidades de outro modo isoladas”.
Este projecto é co-financiado pelo Reino da Suécia e o Reino da Noruega através do Fundo Fiduciário Energia para Todos de múltiplos doadores, com um montante adicional de 38 milhões de dólares, e o Fundo de Cozinha Limpa ESMAP, no montante de cinco milhões de dólares. Contribuirá, igualmente, para a realização da Estratégia Nacional de Electrificação do Governo, que visa fornecer electricidade a todos os moçambicanos até 2030.
Esta operação está alinhada com o Quadro de Parcerias por País (CPF) do Grupo Banco Mundial para Moçambique FY17-21, especialmente no âmbito do seu foco no crescimento inclusivo e no desenvolvimento do sector privado.