A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique condenou esta quarta-feira o que classifica como “postura discriminatória” do “ocidente” com suspensão de voos com o país, devido à variante Ómicron do covid-19.
“A CTA condena a atitude dos países do ocidente pela postura discriminatória por estes adoptada”, disse Nuno Quelhas, presidente da comissão do sector privado de resposta ao covid-19 na CTA, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
Para os patrões moçambicanos, o cancelamento de voos sugere “uma desarticulação e falta de união na luta contra” o novo coronavírus, que tem afectado de “forma severa a vida social e económica” de vários países, “sobretudo de economias em desenvolvimento, como Moçambique”.
“Estas restrições poderão contribuir para a retração dos investimentos e contração do fluxo de actividade económica no país”, frisou Nuno Quelhas.
Segundo a CTA, o fluxo de viagens para Moçambique poderá fixar-se abaixo dos 180 milhões de dólares este ano, caso a suspensão continue, referindo que o sector do turismo poderá ser o mais afectado.
Face às restrições impostas pela variante Ómicron, os empresários moçambicanos sugerem a atribuição de incentivos aos que apresentem certificados de vacinação, para estimular a adesão e acelerar o processo de imunização.
A Confederação das Associações Económicas sugeriu ainda que o Governo moçambicano interceda junto dos países da região para a “necessidade de levantamento ou racionalização das restrições de circulação” em África e na União Europeia (UE).
Vários países, incluindo Portugal, suspenderam voos com Moçambique, na sequência da descoberta da variante Ómicron do coronavírus na vizinha África do Sul.
O ministro da Saúde anunciou na terça-feira que estão a ser investigados dois casos de covid-19 arquivados em Novembro por suspeita de terem sido originados pela variante Ómicron, um com sintomas ligeiros e outro sem nenhum.
Armindo Tiago disse não haver “motivos para pânico”, referindo que as actuais evidências científicas não demonstram que a variante tenha “maior potencial de transmissão” e nem que “possa causar doença grave ou escapar à protecção gerada pela vacina”.
De acordo com os últimos dados das autoridades de saúde moçambicanas, no país já foram vacinadas 6,5 milhões de pessoas, das quais 3,9 milhões completamente imunizadas, correspondente a 23% da meta de 17 milhões de pessoas até final de 2022 – ou seja, praticamente todos os adultos entre os 30 milhões de habitantes de Moçambique.