A médica Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica da África do Sul, foi uma das primeiras a suspeitar da existência da nova variante do covid-19 e diz que os pacientes têm “sintomas ligeiros”. O presidente do Comité Consultivo Ministerial sobre Vacinas diz o mesmo. Já a presidente da Comissão Europeia diz que a Europa está “numa corrida contra o tempo”.
Angelique Coetzee contou à Reuters que a 18 de Novembro apercebeu-se que vários pacientes com o novo coronavírus apresentavam sintomas diferentes dos normais na variante Delta, a predominante. Os doentes queixavam-se sobretudo de “fadiga extrema” durante dois dias, acompanhada de dores no corpo e dores de cabeça. Nos dias seguintes apercebeu-se de outros casos semelhantes.
“A maioria deles apresenta sintomas muito ligeiros e até agora nenhum deu entrada no hospital. Estamos a conseguir tratar esses pacientes de forma conservadora em casa”, conta à agência britânica.
“Os casos que ocorreram até agora foram leves a moderados e isso é um bom sinal”, disse Barry Choub, presidente do Comité Consultivo Ministerial sobre Vacinas da África do Sul, em declarações à Sky News, este domingo. Sublinhou ainda que até ao momento não ocorreu um aumento nas hospitalizações por causa o covid-19.
“Esta é uma variante que inclui mais de 30 mutações apenas na proteína spike e cerca de 50 mutações em todo o genoma, e parece que tem a capacidade de escapar do sistema imunológico e uma capacidade aumentada de infectar”, diz o Prof. Tomer Hertz do departamento de microbiologia, imunologia e genética da Universidade Ben-Gurion, citado pelo jornal Haaretz. “Nesta fase, sabe-se relativamente pouco, mas está a causar preocupação e com razão”, acrescentou.
Vários países anunciaram nos últimos dias a identificação dos primeiros casos. África do Sul, Botsuana, Hong Kong, Israel, Holanda, Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Itália e Dinamarca são os países que já o fizeram oficialmente.
Ursula von der Leyen diz que Europa está numa “corrida contra o tempo”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse hoje em Riga que está em curso uma “corrida contra o tempo” para analisar a nova variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 e entender se as vacinas devem ser adaptadas.
“Os cientistas e os laboratórios [farmacêuticos] precisam de duas a três semanas para ter um quadro completo das características das mutações nesta variante Ómicron”, acrescentou Von der Leyen, que falava numa conferência de imprensa em Vílnius, citada pela Lusa.
Von der Leyen anunciou que um contrato assinado neste verão pela Comissão Europeia com a ‘joint venture’ BioNTech-Pfizer para 1,8 mil milhões de doses da vacina incluía uma cláusula que previa o caso de surgir uma variante. Com essa cláusula, o laboratório compromete-se a conseguir adaptar a sua vacina no espaço de 100 dias, acrescentou.
A descoberta da nova variante foi anunciada pelo National Institute of Communicable Diseases da África do Sul, no dia 25 de Novembro, a partir de amostras laboratoriais recolhidas entre 14 e 16 de Novembro.
O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) alertou na quinta-feira que a nova variante do vírus SARS-CoV-2 suscita “sérias preocupações de que possa reduzir significativamente a eficácia das vacinas e aumentar o risco de reinfeções”. Num comunicado sobre a avaliação da ameaça da nova variante, e com base na informação genética actualmente disponível, o ECDC disse que a nova variante detectada na África Austral é a mais divergente (em relação ao vírus original) detectada até hoje.