Os nove economistas consultados regularmente pela agência de informação financeira Bloomberg reviram a previsão de crescimento de 1,3% para este ano em Angola, e estimam agora uma recessão de 0,4%, a sexta consecutiva.
De acordo com a Bloomberg, a sondagem aos nove economistas foi realizada entre 12 e 17 de Novembro, e mostra que a economia vai continuar com um crescimento negativo este ano, expandindo-se depois 2,5% em 2022.
A previsão de crescimento para 2022 também foi revista em baixa, já que na sondagem anterior os economistas estimavam um crescimento de 2,9%.
Relativamente à evolução da inflação, o valor foi revisto em alta ligeira, passando de 24,3% para 25,2% este ano, e de acordo com a previsão média destes analistas, os preços deverão subir 20% no próximo ano, o que representa uma revisão em alta face aos 16,4% estimados anteriormente.
A previsão dos analistas contrasta com a expectativa do Governo angolano, mas está próximo da previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que também reviu a previsão para antecipar um crescimento negativo de 0,7%.
O Governo de Angola prevê regressar já este ano ao crescimento positivo, antevendo uma ligeira expansão económica de 0,2%, antes de acelerar o crescimento para 2,4% em 2022, segundo o Orçamento do Estado.
De acordo com a proposta aprovada na Assembleia Nacional em 09 de Novembro, o país deverá regressar ao crescimento positivo este ano, depois de cinco anos consecutivos de recessão económica, desencadeada pela descida dos preços do petróleo, em 2016, e, mais recentemente, pelas consequências da pandemia de covid-19.
No documento, o Ministério das Finanças antevê que em 2022 a economia cresça 2,4% em 2022 e perspectiva uma forte descida do rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB), que subiu nos últimos anos devido, em parte, à desvalorização do kwanza.
Com uma valorização da moeda nacional em quase 10% de Janeiro a Setembro deste ano, o rácio da dívida deverá descer para cerca de 82% no final deste ano, o que permite que Angola mantenha a intenção de regressar aos mercados de dívida internacionais em 2022, conforme anunciou a ministra das Finanças na semana passada.
A “política expansionista” assumida pelo Governo mantém, no entanto, a preocupação com a sustentabilidade das finanças públicas, já que praticamente metade das receitas são destinadas a garantir o pagamento dos juros da dívida no próximo ano, que representam 12% do PIB.
A saída da recessão já este ano, a confirmar-se, será sustentada no crescimento da economia não petrolífera, que deverá expandir-se 5,2%, já que a economia petrolífera deverá manter-se negativa, reduzindo-se em 10,6%, segundo as previsões do Governo.