A Comissão de Direitos Humanos da África do Sul lançou esta segunda-feira uma investigação sobre os tumultos que abalaram o país em Julho, cujo balanço resultou em mais de 350 pessoas mortas, aprofundando a pobreza em várias áreas.
As audiências foram abertas perto de Durban, na província oriental de KwaZulu-Natal, onde começou a onda de violência, inicialmente ligada ao encarceramento do ex-presidente Jacob Zuma (2009-2018), muito popular na região.
O objectivo da comissão é determinar as causas da violência, as falhas na intervenção da polícia, o papel das empresas de segurança privadas e os motivos por detrás de alguns dos assassínios cometidos num contexto de tensão racial.
Confrontados com a ausência ou debilidade da polícia, face à dimensão dos tumultos, alguns residentes pegaram em armas para fazer justiça com as próprias mãos.
Sibahle, uma jovem com 17 anos, foi morta nestas circunstâncias, segundo a sua tia, Zama Nguse, a primeira testemunha da comissão.
Em Durban, homens zangados com o saque das suas lojas atearam fogo a casas improvisadas e dispararam contra membros da comunidade, de acordo com a testemunha. “Sibahle não sabia para que lado tínhamos fugido, estava à nossa procura. Um homem disse-me mais tarde que Sibahle tinha sido baleada”, afirmou.
A agitação “exacerbou, entre outras coisas, as desigualdades entre algumas comunidades, o nível de desemprego, pobreza, fome e insegurança alimentar”, fez saber a Comissão através de uma declaração, citada pela agência France-Presse.
A destruição causou, pelo menos, 1,4 mil milhões de euros em danos, acrescentou o organismo.
As audiências deverão continuar até 03 de Dezembro.