Um grupo de cientistas da Universidade do Arizona publicou um estudo que concluiu que nos últimos 150 anos houve o maior aumento de temperatura da história, como consequência directa das emissões de gases de efeito estufa e do recuo das camadas de gelo. A pesquisa, publicada recentemente na revista ‘Nature’, analisou as temperaturas na Terra nos últimos 24 mil anos, especificamente desde o fim da última era do gelo.
Apesar das promessas da Conferência do Clima, em Glasgow, o mundo caminha para um aquecimento sem precedentes de pelo menos 2,4 graus Celsius, ou mais, até ao final do século. Isso mesmo foi revelado pela análise da plataforma científica ‘Climate Action Tracker’, numa estimativa que coloca acima do que foi acordoado no Acordo de Paris, no qual 195 países colocaram como principal objectivo continuar os seus esforços para que as temperaturas não ultrapassem os 1,5 graus Celsius recomendados para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.
As temperaturas de hoje são sem precedentes em 24 mil anos e a velocidade do aquecimento global causado pelo homem também é mais rápida do que qualquer outro factor observado na mesma janela de tempo. Os autores deste novo estudo sobre aquecimento global reforçam e evidenciam todas as informações e alertas que a comunidade científica vem fazendo nas últimas décadas. Mas, pela primeira vez, ele vai mais longe e afirma que as temperaturas atingidas neste último século são inéditas. Alguns dados que mostram que as mudanças climáticas continuam descontroladas.
Os cientistas mapearam as mudanças na temperatura global ao longo de 200 anos a partir de 24 mil anos. Um mapa que explora como as temperaturas mudaram na Terra em detalhes nunca antes vistos. “O facto de estarmos hoje tão distantes dos limites que poderíamos considerar normais é motivo de alarme e deve surpreender a todos”, garantiu Matthew Osman, da Universidade do Arizona e principal autor do estudo.
A equipe usou diferentes métodos para reconstruir as temperaturas passadas, a fim de saber onde estamos hoje e o que deve ser feito para reverter a tendência no futuro. Especificamente, os autores combinaram dois conjuntos de dados: a temperatura dos sedimentos marinhos e simulações de computador sobre o clima.
Os sedimentos marinhos oferecem informações valiosas sobre as circunstâncias do ecossistema anos atrás. Na verdade, as impressões digitais químicas dessas partículas insolúveis fornecem informações sobre as temperaturas que existiam no passado. Por outro lado, os modelos climáticos computadorizados fornecem informações sobre as temperaturas com base no melhor entendimento dos cientistas sobre a física do sistema climático.
É importante notar que nenhum dos dois métodos é perfeito nem pode oferecer informações totalmente precisas, mas com a combinação dos dois você permite aproveitar as vantagens de cada um, conhecido no meio científico como assimilação de dados, geralmente usado na previsão do tempo.