A Tanzânia quer dar um impulso aos seus projectos de exploração de GNL e ‘fechar’ acordos com empresas lideradas pela Equinor e pela Royal Dutch Shell no prazo de seis meses, uma medida que ajudará a reavivar um projecto de gás natural no valor de 30 mil milhões de dólares que tem vindo a definhar desde há cinco anos.
O chamado Host Government Agreement irá delinear aspectos comerciais, jurídicos e técnicos do projecto de gás natural liquefeito e a Tanzânia espera que a decisão final de investimento aconteça, disse o novo ministro da Energia tanzaniano, January Makamba, numa entrevista à Bloomberg, após uma ronda de negociações com executivos da Equinor e da Shell.
A Tanzânia, que tem cerca de 60 biliões de pés cúbicos de reservas de gás natural, precisa de acelerar o desenvolvimento à medida que a pressão para uma transição para uma energia mais limpa está a aumentar. Embora o gás natural seja menos poluente do que outros combustíveis fósseis, alguns ambientalistas querem acabar com a sua utilização porque a indústria é responsável pelo metano que tem muito mais poder de aquecimento do planeta do que o próprio dióxido de carbono. Para África, o gás é vital para a segurança energética.
“Acreditamos que o gás é a energia de transição e o nosso gás tem uma característica muito particular, que é uma quantidade muito baixa de CO2, o que o torna ainda mais atractivo e competitivo”, complementou o ministro.
A Tanzânia procura desenvolver os seus recursos energéticos como âncora da agenda do Presidente Samia Suluhu Hassan para transformar uma economia de 62 mil milhões de dólares tornando-a num grande exportador de gás. Hassan, que chegou ao poder em Março após a morte do seu antecessor John Magufuli, tem estado em acções de charme para atrair de volta os investidores que estavam irritados com as políticas do passado.
OS PLANOS ENERGÉTICOS DA TANZÂNIA:
- Projecto de GNL orçado em 30 mil milhões de dólares
- Projecto de Energia Hidroeléctrica Julius Nyerere, no valor de 3 mil milhões de dólares
- 4 mil milhões de dólares oleoduto Uganda-Tanzânia
- Conduta de gás para o Quénia
- Nova ronda de licenciamento para blocos de exploração de petróleo e gás em terra e no mar
- Ajudar a Tanzania Electric Supply Co. a tornar-se uma das maiores empresas da África Central e Oriental
- Explorar reservas de carvão e geotérmicas
“Queremos recuperar a excitação neste sector”, disse Makamba e, por agora, a sua maior prioridade passa pelo projecto do gás.
Juntamente com Moçambique, onde a TotalEnergies, a ENI e a Exxon encabeçam a lista de empresas que estão a desenvolver projectos de gás no valor de mais de 50 mil milhões de dólares, os dois países têm gás suficiente para satisfazer a procura global durante cerca de uma década.
Outros parceiros no terminal de GNL terrestre de dois trens proposto no sul da Tanzânia são a Exxon Mobil Corp., Ophir Energy Ltd. e Pavilion Energy Pte Ltd.
Há um novo “sentido de urgência devido à natureza dinâmica da indústria energética global neste momento”, disse Makamba. “A mensagem é clara por parte do presidente e toda a liderança política sabe que isto é importante e que tem de acontecer rapidamente”.
Enquanto a Aliança dos Proprietários de Bens Net-Zero, convocada pelas Nações Unidas, que faz parte do acordo climático de 130 biliões de dólares da indústria financeira em geral, planeia rejeitar o gás como um bem verde, a energia é crucial para África.
O mundo precisa de “ser justo para o continente africano” porque é preciso de industrializar e criar empregos, o que requer um abastecimento energético estável, dizia recentemente o Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento Akinwumi Adesina numa entrevista.
Mesmo que a África triplicasse a sua produção de gás natural, acrescentaria menos de 1% à sua contribuição de menos de 3% para as emissões globais de gases com efeito de estufa, disse Adesina.